REPORTAGEM. Em altura de celebração da Páscoa, o papel dos Ministros Extraordinários da Comunhão (MEC) junto da comunidade é manifestamente importante. O trabalho destes leigos da Igreja Católica passa, muitas vezes, por preencher um espaço vazio dentro da comunidade Cristã, sobretudo nos idosos e nos doentes.

O casal Cassiano Faria e Inês Luciana é um dos muitos exemplos de Ministros Extraordinários da Comunhão que encaram a missão com profunda dedicação e Fé – fotos Sara Ferreira

Não é só ajudar a dar a Sagrada Comunhão numa eucaristia, mas também levá-la até à casa de idosos e de doentes que não podem deslocar-se às respetivas igrejas. Em
Espinho e nas freguesias, há quem desenvolva esta missão com empenho e, sobretudo, com muita fé. O casal Cassiano Alves e Inês Luciana, em Espinho, Palmira Manuela Dias (Anta), Astério Gomes (Guetim) e Lucas Vieira (Paramos), dão os respetivos testemunhos sobre uma missão que, involuntariamente, abraçaram e à qual se dedicam de corpo e alma.
O casal Cassiano Faria e Inês Luciana, faz parte de um grupo de cerca de três dezenas de MEC da Paróquia de Espinho. Cassiano Faria, com 59 anos, começou a dedicar-se à Igreja aos 29 anos. Fez a primeira comunhão em Espinho, aos seis anos, e emigrou para França com os meus pais, onde permaneceu até casar com Inês Luciana. A sua Profissão de Fé foi feita em França.
“Não era praticante. A Fé era minha, não frequentava a Igreja e, por isso, era Deus comigo e eu com Deus. Foi assim até começar a namorar com a minha mulher. Foi ela que me incentivou a frequentar a Igreja e a participar nas eucaristias
em Espinho”, conta Cassiano Faria que desde então começou a acompanhar
Inês. “A partir daí percebi que essa Fé, afinal, não era só minha e que era comunitária. Por isso, para viver a Fé Cristã tinha de participar na comunidade. Foi nessa altura, adulto, que fiz o Crisma. A Inês Luciana e a minha catequista, Teresa Mota, fizeram-me perceber que teria de viver para a comunidade. Passei a vivenciar a minha Fé com os outros”, dá conta Cassiano.
No entanto, Cassiano Faria considera que “o principal de tudo é a nossa missão junto das pessoas idosas e dos doentes que não se podem deslocar à igreja para participarem na eucaristia. O pároco pede-nos para levarmos, todas as semanas, a Sagrada Comunhão a estas pessoas. É feita uma pequena celebração em casa dessas
pessoas, mas isto vai além da celebração, pois temos com estes idosos e os doentes, momentos de partilha, ouvindo algumas das coisas que têm para nos dizer, quebrando um vazio e a solidão que muitas vezes os afeta. É um momento de apoio e de carinho”, destaca este MEC da Paróquia de Espinho.

“Havia uma ou outra pessoa que tinha preferência a ir à mão do sacerdote”

Manuela Dias, com 60 anos, frequenta a Paróquia de Anta desde muito jovem. Foi o padre Manuel Moura e o diácono Joaquim Vieira quem a convenceram a frequentar
o curso de MEC.
“Desde muito pequena que os meus pais me traziam à eucaristia, normalmente à missa das 11 horas, ao domingo, à Igreja Paroquial de Anta. Foi aqui que fiz a minha Primeira Comunhão, com o padre Pinho. Mais tarde, após a sua morte, veio para cá o padre João Carlos e, depois, o padre Manuel Moura. Tive todo o meu percurso na Paróquia de Anta, até com a ‘Lurdinhas’, que foi Ministra Extraordinária da Comunhão”, conta Manuela Dias.
“O padre Moura tinha uma dinâmica muito grande. Era uma pessoa muito carismática, que conseguia captar os jovens e dinamizava várias atividades. Foi ele que, na altura, me chamou e perguntou se queria ser catequista. Tinha cerca de 16 anos”,
recorda Manuela Dias que acabou por se afastar mais tarde porque “na Igreja, as coisas por vezes funcionam por grupos e, por isso, comecei a ver que não me enquadrava nisso. Para mim, Deus é Deus e não existem grupos. Por isso, afastei-me um bocadinho das atividades”.
Posteriormente Manuela Dias voltou à Paróquia de Anta. “Como gostava de cantar, vinha com a minha irmã ao grupo coral e comecei a participar nas Janeiras que
tinham como objetivo angariar fundos para as obras da Igreja. Cheguei a participar no Anta Nova, que era um grupo de música popular”.
No entanto, a sua entrada para a Universidade veio a limitar-lhe a disponibilidade de tempo e resolveu deixar algumas das atividades.

Artigo disponível, na íntegra, na edição de 01 de abril de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro, a partir de 28,5€.