Beatriz Costa: “Quero subir lugares no ranking nacional” e “chegar até onde o meu trabalho me possa levar”

Beatriz Costa, jovem surfista espinhense - foto Francisco Azevedo

Entrevista. Beatriz Costa é uma jovem surfista espinhense de 19 anos. A sua infância foi vivida à beira-mar, acompanhando os seus pais num bar de praia. O surf está no seu sangue desde muito pequena e tem vindo a abraçar a vertente competitiva desta modalidade. Beatriz Costa passa os seus dias na praia e quer chegar o mais longe possível. A estudar na Faculdade a área do Serviço Social, a jovem surfista espinhense quer associar o seu futuro profissional a esta modalidade ligada ao mar.

Quem é, afinal, a Beatriz Costa?

Sou surfista. Gosto do mar, da natureza, de estar no bar dos meus pais, de estar em Espinho, de viajar…

Fale-me um bocadinho da sua infância e da sua ligação ao mar…

A minha ligação com o mar é muito especial. Os meus pais tinham um bar de praia, nas Sereias. Era muito pequenina e, por isso, fui criada à beira da água. Por isso, considero que fui a criança mais feliz do mundo porque passava a minha vida na praia e rodeada do ambiente de veraneio, com muita brincadeira.

Por isso, o surf acabou por surgir naturalmente. As pessoas que estavam à minha volta acabaram por me influenciar a praticar esta modalidade. Mas foi, essencialmente, o meu pai e a minha mãe que sempre me incentivaram a praticar o surf. Tive muita vontade de experimentar e, por isso, agarrei-me a essa modalidade.

Alguma vez praticou um outro desporto sem ser o surf?

Pratiquei voleibol e ginástica acrobática. Passei por alguns desportos, mas o surf foi o que mais me cativou. O meu pai foi jogador de hóquei em patins e, por isso, até cheguei a pensar nessa modalidade. Ele não foi muito adepto dessa opção e coloquei essa hipótese de lado. Não escondo que tive curiosidade. Mas não era para aí que deveria estar voltada.

Porquê o surf?

A escolha do surf resultou de um conjunto de fatores. Mas, como qualquer sufista lhe responderia, é algo que não se explica! Há aqui uma grande ligação entre mim e o mar, a vontade de querer sempre mais. Sempre que há boas ondas temos de estar lá dentro. Queremos é estar no mar, de nos divertirmos e surfar.

Ser surfista envolve grandes sacrifícios!…

Quem corre por gosto não cansa. Gosto mesmo muito do surf. Ninguém gosta de se levantar às 5h30 da manhã, mas estes ‘sacrifícios’ valem a pena. Gosto muito de surfar antes de ir para as aulas e quando isso acontece, o dia acaba por me correr bem, independentemente da surfada ter corrido bem ou mal. Quando vou para as aulas já levo o meu coração aquecido.

Chegou a experimentar alguma outra vertente do surf, como por exemplo o bodyboard?

Como dou aulinhas de surf costumo ir em pranchas maiores e, por isso, divirto-me bastante. As ondas ficam mais fáceis. Já experimentei o bodyboard e diverti-me imenso. Mas, de facto, o meu desporto é o surf, que tem as pranchas mais pequenas.

E alguma outra modalidade ligada à água – natação, vela, mergulho…

Nunca me estimularam outras modalidades desse tipo. Aliás, aprendi a nadar com o meu pai, em grande parte no mar.

Um surfista tem de saber nadar bem?

No início, o surfista não tem essa necessidade. Melhoramos posteriormente com o próprio surf. É uma necessidade que o surf acaba por nos impor. A natação ajuda o surf e o surf ajuda a natação. Aprendi a nadar bem quando já surfava.

Não têm receio de estarem muitas vezes tão longe da costa?

Isso depende muito das condições do mar. Quando está ‘grande’ é evidente que há receios.

Mas há que ter cuidado e adaptarmo-nos às condições do mar. Umas vezes conhecemos melhor a zona onde surfamos, outras vezes não. Mas particularmente em Espinho nós, os que somos de cá, conhecemos bem esta zona. Mas há que observar bem o mar e o comportamento dos outros surfistas.

Há entreajuda entre os surfistas?

Depende muito dos locais e das pessoas. Há sítios onde o ‘localismo’ é mais agressivo e há outros onde as pessoas se ajudam. Considero que, no geral, há uma grande solidariedade sobretudo com quem está a iniciar-se e que vemos que tem vontade de aprender. Todos têm direito a surfar. Quantos mais surfistas com boa experiência, melhor.

Artigo disponível, na íntegra, na edição de 08 de abril de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro, a partir de 30 €.