Ricardo Gomes alcançou, recentemente, os mínimos para participar no Campeonato do Mundo da Maratona e para representar Portugal nos Jogos SurdOlímpicos, em 2022. O maratonista, de 36 anos, natural de Sintra, representa o atletismo do SC Espinho/António Leitão. A sua ambição é “alcançar um excelente resultado e de dignificar as cores nacionais”, participando numa competição Olímpica que “é um sonho maior”.
Quem é o Ricardo Gomes?
Tenho 36 anos, resido em Espargo, sou programador de software de profissão e atleta SurdOlímipico Maratonista.
Como conseguiu ultrapassar e lidar com a surdez?
Quem me conhece bem sabe que não sou pessoa de desistir. Já cometi erros e aprendi com esses erros, mas são estas aprendizagens que nos fazem crescer. É, também, a luta diária para conseguirmos ultrapassar muitos obstáculos… Não foi um percurso fácil, mas contei, também, com a ajuda de certas pessoas que nunca irei esquecer, pois foram muito importantes…
Sou surdo bilateral profundo e tenho uma boa comunicação através da leitura labial. Sempre convivi com os não surdos. Tenho alguns amigos surdos que conheci mais tarde. Sei algumas coisas em Língua Gestual Portuguesa mas não tenho o hábito de a praticar porque não tenho estado com os meus semelhantes.
Sou feliz e orgulhoso de mim mesmo.
Quando começou a olhar para o atletismo como modalidade desportiva que gostaria de praticar?
Em 2018 tinha desistido do ciclismo/BTT por não ter condições para continuar. E foi a partir daí que peguei nas sapatilhas e fui dar umas ‘voltinhas’. Queria manter a minha vida no desporto. O meu primo, Martim, que já estava no atletismo, também me ajudou a olhar mais para esta modalidade. Informei-me sobre as boas condições que ofereciam aos atletas da Seleção Nacional do desporto adaptado e decidi experimentar esta modalidade. Ganhei o gosto e nunca mais parei de treinar.
Em criança teve alguma paixão por um outro desporto?
O futebol foi o meu primeiro desporto federado.
Artigo disponível, na íntegra, na edição de 6 de maio de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro, a partir de 30 €.
