Falcons Baseball Luso Venezolano: Expandir a modalidade e integrar a comunidade venezuelana

A equipa do Falcons Baseball Luso Venezolano (foto DR)

A ligação entre o Centro Social Luso Venezolano (CSLV) e o basebol já tem vários anos. A associação de Nogueira da Regedoura já teve uma das mais fortes equipas portuguesas desta modalidade, os Bravos do Luso Venezolano, que chegaram a vencer a Taça de Portugal. A equipa acabou por se extinguir, mas este desporto ganhou nova vida no clube de Nogueira da Regedoura graças aos Falcons Baseball Luso Venezolano, que ocupam o primeiro lugar da Liga Atlântica de Basebol – Zona Centro, só com vitórias. A aposta no basebol pretende trazer mais gente para o clube e integrar a comunidade venezuelana que vive em Portugal.

O presidente do CSLV, Vítor Santos (à esquerda) e João Carlos Alves, diretor do Falcons do Luso Venezolano (foto Francisco Azevedo)

João Carlos Alves é o diretor da modalidade no Luso Venezolano. Tem 58 anos e ainda joga pelo Falcons.

Qual foi a razão que vos levou a criar esta nova equipa?
A principal razão que nos levou a criar este departamento de basebol foi o facto de termos muita gente na associação que veio da Venezuela e que praticava ou era adepta desta modalidade. O CSLV já cá teve, em tempos, uma equipa de basebol, que até venceu uma Taça de Portugal. Por isso, assumi este compromisso com o presidente do Centro, Vítor Santos. É uma secção que criamos e que irá estar ligada diretamente à direção do clube e, nesse sentido, bem diferente daquilo que fora outrora. A direção assume, por inteiro, esta modalidade.

Quais são os vossos propósitos?
Gosto de jogar basebol e, por isso, é minha intenção que esta secção fique definitivamente enraizada no CSLV. Temos várias ideias e projetos que poderão vir a fomentar o basebol. Vamos aproveitar a oportunidade de estarem cá muitas pessoas que vieram da Venezuela para divulgar ainda mais o basebol e, dessa forma, captarmos mais praticantes e mais adeptos. O basebol é um desporto que faz parte da cultura desses povos e, sobretudo, do povo latino-americano. No Brasil, por exemplo, as pessoas levam a bola de voleibol para a praia e jogam vólei e futebol. Na Venezuela joga-se basebol na praia, improvisando-se.

Como e quando é que começou a conviver em Portugal com o basebol?
Nasci na Venezuela e estou em Portugal desde 1981. Desde essa altura, até há cerca de quatro anos a esta parte, não joguei mais basebol, porque desconhecia que havia equipas desta modalidade em Portugal! Por isso, acho que perdi os melhores anos, precisamente por causa dessa falta de divulgação da modalidade. A minha integração no país foi muito difícil, porque vim para cá numa altura em que estavam poucos venezuelanos. Dei com um país muito diferente do que é atualmente. Entendo que, através deste desporto, poderemos vir a ser um meio de integração da comunidade venezuelana, sobretudo dos migrantes. Assim, este clube e o basebol serão uma ligação entre as tradições da Venezuela e a comunidade que cá se encontra. Por outro lado, estamos certos de que poderemos fomentar o basebol no país, enraizando-o também, por cá.

Têm algum plano para enraizar a modalidade no clube?
Numa segunda fase vamos criar uma escola de formação de basebol e vamos levar esta modalidade às escolas. O CSLV quer tornar-se num clube parceiro de várias escolas. Já sabemos que alguns professores, das escolas da região onde estamos inseridos, estão interessados em levar o basebol para as suas aulas. Será, por isso, uma forma de captação de crianças para esta modalidade. Queremos ser uma referência no basebol.

A prestação dos Falcons este ano tem sido muito boa…
Neste momento o desempenho da equipa e o nosso projeto está em bom andamento. Em pouco tempo conseguimos juntar um lote de jogadores para formar a equipa. O mínimo numa equipa são nove atletas e nós já temos entre 16 a 20 jogadores.

Estamos a disputar um campeonato na Zona Norte/Centro do país, a Liga Atlântica de Basebol e que não tem nada que ver com a Federação. Nós estamos na liderança da Zona Centro. Esta liga tem seis equipas.

O basebol, neste momento, está a ser alimentado, na maioria, pelos venezuelanos que estão em Portugal. Mas nós, por exemplo, temos jogadores que nunca tinham visto uma bola de basebol à frente! Aprenderam a modalidade connosco.

Embora tenhamos muitos jogadores, reuni-los não foi nada fácil! Foi fruto de muita persistência nossa. Contactámos imensas pessoas e procurámos saber onde estavam os potenciais interessados.

Artigo disponível, na íntegra, na edição de 29 de julho de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro, a partir de 30 €.