Fausto Neves é uma referência musical clássica e já foi, mais que uma vez, candidato à presidência da Câmara Municipal de Espinho. Um cidadão que desenvolve a atividade cívica e que se emociona: “O grande problema é quando não nos emocionamos, e cada vez somos mais treinados para que isso não aconteça. Por exemplo, somos martelados por coisas dolorosas num telejornal, até atingirmos o ponto disso nos embrutecer. Isso é que me preocupa, mas emociono-me muito facilmente”.

É mais músico do que político?
Sou! A minha família sempre foi de músicos e estudei música, daí a música ser a minha profissão. Mas a música e a política tocam-se, porque cada uma delas ganha com a outra. Eu não tenho a conceção do político que as pessoas hoje em dia têm. Nós somos todos políticos. Há quem goste de fazer o que pode fazer, para não deixar que os outros decidam por si. E há quem goste de dizer mal de tudo e de todos, mas deixam que os outros decidam por si. Prefiro estar no primeiro grupo, fazendo o melhor que posso e sei. Se me perguntarem se sou mais músico do que político, respondo logo que sou mais músico, sem deixar de dar o meu contributo na política.

Um contributo pós-25 de Abril…
Eu acabei o Liceu logo após o 25 de Abril em 1974 e inscrevi-me no Curso de Direito, em Coimbra, mas as universidades tinham fechado, entretanto, temporariamente, e tive de fazer o exercício cívico, tendo ido trabalhar para uma escola primária, na Aguda [Arcozelo], e num setor que na altura era muito desprotegido socialmente. Eu e os meus colegas trabalhávamos de manhã com os miúdos que tinham aulas à tarde e à tarde com os que tinham aulas de manhã. Contactei pela primeira vez com realidades que, de certa forma, não imaginava, por exemplo, com miúdos cujo pequeno-almoço era um copito de aguardente!

Teve então oportunidade para perceber a “outra” vida… E sobejou tempo para reavaliar o futuro?
Resolvi inscrever-me em História, no Porto, porque também gostava muito de História e dava para que eu também estudasse Música. Arrastei um bocadinho o Curso de História para retardar o serviço militar, aproveitando também o Conservatório para depois ir para os estudos de Música no estrangeiro. Saio do país com a licença de 90 dias do serviço militar e tive sorte em não ser chamado.

Nessa época ainda não se enquadrava no quadrante político. Como é que abraçou a política?

Entrevista completa na edição de 11 de novembro de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 30€.