Embora seja natural de Paços de Brandão, Osvaldo Ferreira sente-se espinhense e já levou todo o seu talento aos quatro cantos do mundo. O maestro fundador da Orquestra Filarmónica Portuguesa relembrou os momentos altos de uma carreira bem recheada e refletiu sobre o que os artistas podem fazer pela evolução da sociedade.

Como nasceu o gosto pela música?

Foi algo muito precoce. As minhas primeiras imagens de vida são as da doçura da minha mãe, que estava sempre a cantar. Cozinhava e cantava, apanhava a roupa e cantava. Tinha essa postura. E, curiosamente, cantava muito bem. Depois, logo a seguir ao 25 de Abril, foram criados muitos movimentos de associativismo e a Tuna Musical Brandoense criou uma escola de música. E foi aí que eu comecei a aprender. Comecei como violinista. Só quando estive a estudar nos Estados Unidos é que nasceu o gosto pela direção de orquestra.

Aliou o gosto pela música com o desporto. Porque optou pela primeira para fazer carreira?

As pessoas da minha geração diziam que eu tinha imenso jeito para jogar futebol. Lembro-me de um diretor da academia me dizer que eu era melhor a jogar futebol do que músico, mas eu dizia que não concordava, apesar de gostar mais do futebol. Hoje vejo que a minha mãe tinha muita influência sobre a minha maneira de pensar e ela dizia que o futebol era efémero, que não me daria uma vida, enquanto a música me daria formação e a oportunidade de evoluir constantemente. E a minha opção de seguir música passou muito por aí. E não me arrependo.

Tomada essa decisão, quando é que percebeu que podia fazer da música a sua vida?

Eu verifiquei que, após o 25 de Abril, se havia lado muito deficitário era o campo das artes e que havia um potencial quase inesgotável. E ainda há muito para fazer. O cérebro humano gosta de ter tudo muito organizado em gavetas e os artistas são aqueles que mostram que, o que parecia organizado, afinal não está. É isso que faz as sociedades evoluírem e isso sempre me cativou.

Espinho teve influência na direção do seu percurso de vida?

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