Os campeonatos de futebol popular de Espinho continuam a ser um caso de popularidade e estão cada vez mais organizados. A competição tem hoje árbitros independentes, é reconhecida pela Federação Portuguesa de Futebol e tem uma vertente social muito forte.
No mês em que a associação que gere os campeonatos concelhios completa 38 anos, A Defesa de Espinho calçou as chuteiras, pisou os relvados do concelho e entrou em jogo para tentar perceber um pouco deste fenómeno repleto de mística, “carolice” e que ainda move centenas de pessoas de várias gerações.

Fim de semana é, para muitos, sinónimo de descanso, descompressão e de renovar energias para a nova semana de trabalho que se avizinha. Para outros, fim de semana rima com diversão, passeio e saídas à noite. Para alguns, fim de semana não existe.

Para milhões de pessoas, fim de semana grita futebol. Para Manuel Silva, em particular, sábado e domingo são dias de trabalho, mas com o bichinho do futebol popular à mistura. Nelito, como é carinhosamente apelidado, levanta-se bem cedo e, por volta das 8h30, já está no seu local de trabalho, o Complexo Desportivo de Cassufas, em Anta. O apito inicial para o primeiro jogo do dia só soa quando o ponteiro bater nas 10 horas, mas, até lá, há ainda muito para fazer.

Com um molho de chaves na mão, um kispo azul que o ajuda a proteger-se do frio matinal, máscara, óculos de armação azulada e lentes teimosamente embaciadas, que limpa sempre que tem oportunidade, Nelito abre a porta dos balneários que deixou limpos na noite anterior, para que as equipas, quer as da casa, quer as visitantes, se sintam bem recebidas e possam preparar da melhor maneira o encontro que se vai realizar no campo de futebol em que é encarregado. No último domingo, a natureza deu-lhe uma mãozinha. A humidade da noite fria deixou o sintético molhado e poupou-lhe uma rega, mas Nelito já sabe que, no intervalo da partida, os jogadores lhe vão pedir que regue o campo.

Depois de garantir que tudo está organizado, e de acudir um dos árbitros da partida que tinha fechado uma porta e não a conseguia abrir, Nelito conta à Defesa de Espinho sobre uma vida há muitos anos dedicada ao futebol popular. “Estou ligado a isto desde 1972, quando ainda nem havia campeonatos organizados. Faziam-se uns torneios para a malta se divertir. Agora isto está muito diferente, há condições muito melhores desde que a Associação de Futebol de Aveiro se interessou por isto e desde que está tudo autorizado pela Federação Portuguesa de Futebol. Acarretou muitas despesas, mas está muito melhor”, diz o encarregado.

Reportagem completa na edição de 2 de dezembro de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 30€.