Luís da Costa Freitas é natural de Moçambique. Veio para Espinho e jogou futebol na antiga equipa da Corfi, como ponta-de-lança, mas foi como treinador dos escalões jovens que deixou um importante registo no Sporting de Espinho. Luís Freitas tem atualmente 75 anos e o seu percurso como técnico da formação continua na escola de futebol “Os Baixinhos”, em Anta.

Como apareceu o futebol na sua vida?
Foi em Moçambique, em Lourenço Marques [Maputo]. Pertenci a uma geração que fez o Campeonato Intercidades, com equipas do Norte, Centro e Sul. E nós fomos disputar essa prova, quando tinha 18 anos. Depois fui cumprir o serviço militar nos paraquedistas. Vim para Tancos e tirei o curso de sargentos. Fui para a guerra e aproveitei umas férias para vir a Portugal para ver se encontrava cá familiares meus, uma vez que o meu pai era natural de Lisboa. Em vez de ir para a capital vim parar a Espinho. Nessa altura, o antigo jogador do Sporting, Manuel Dias e o ex-FC Porto, João Pinto, que tinham estudado comigo em Moçambique, vieram para cá. Aproveitei para estar com eles. A partir daí o destino foi traçando os meus caminhos. Fui para Aveiro, regressei a Espinho e conheci o comendador Manuel Violas por intermédio do Joaquim Vasconcelos, uma pessoa que sempre fez tudo por mim. Como tinha o curso de contabilidade fui trabalhar para a Corfi. A empresa, nessa altura, tinha uma equipa de futebol. Fui inserido nesse grupo que, mais tarde, entrou nos campeonatos distritais, em que nos sagrámos campeões. Essa equipa tinha a ‘prata da casa’, ou seja, trabalhadores da Corfi e alguns (muito poucos) que não haviam entrado na equipa do Espinho. Mas o Joaquim Vasconcelos cometeu um erro logo a seguir ao ir buscar jogadores que estiveram em clubes como o Boavista ou Salgueiros. A juventude que estava naquela equipa da Corfi foi ignorada! Foi a desgraça.
Mais tarde, quando comecei a ficar mais à vontade com o futebol, fui jogar para o União de Lamas durante uma temporada e, na época seguinte, transferi-me para o Estarreja. Nesse tempo não havia profissionalismo na 2ª Divisão Distrital. Ainda regressei à equipa da Corfi no campeonato do INATEL, mas, após o 25 de Abril, estragaram tudo. Pensavam que era tudo deles. Por isso, o senhor comendador e o Joaquim Vasconcelos decidiram acabar com a equipa de futebol. Foi a partir daí que começou a minha caminhada pelo futebol de formação…

Sempre teve uma paixão por Espinho?
Vim para cá sozinho. Casei em Espinho e tive grandes amigos que me ajudaram, como o comendador Manuel Violas, o Joaquim Vasconcelos e o Vivas, que tinha umas casas na Rua 33, junto à antiga escola da Tourada. Tratou-me como se fosse seu filho e arrendou-me uma casa de acordo com a minha disponibilidade financeira. Não estava habituado a encontrar este tipo de pessoas. É graças a eles que hoje me considero um espinhense.

Com que idade é que começou a jogar futebol?
Tinha 15 anos e comecei a jogar no Ferroviário de Lourenço Marques. Era um dos clubes mais fortes daquela antiga colónia portuguesa. Tinha funcionários ferroviários, como era o caso do meu pai e muitos dos filhos dos funcionários iam para lá jogar.

Recorda-se desses tempos?
Não tenho muita memória de jogadores e treinadores dessa altura. Sei que o Eusébio morava na ‘Sanzala’. Ele não era aquilo que veio a ser mais tarde. Jogava com os miúdos de lá com bolas de trapos. Aliás, era mais velho do que eu.

E no futebol da Corfi?
Sempre que alguém deixava a toalha do banho no chão tinha de pagar uma multa de cinco escudos [dois cêntimos e meio]. Um dia, um colega nosso colocou todas as toalhas no chão, para baralhar o Joaquim Vasconcelos. Ele acabou por nos multar a todos.

Ganhavam algum dinheiro por jogarem nessa equipa?

Entrevista completa na edição de 2 de dezembro de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 30€.