Diogo Lacerda é o arquiteto que projetou as duas obras mais aguardadas em Espinho e as que têm sido mais escrutinadas em fóruns públicos e pelo poder local. À Defesa de Espinho, o arquiteto espinhense não fugiu às dúvidas e críticas que os seus projetos têm levantado e afirma que o Recafe “não é tão mau como dizem”.

A obra de Requalificação do Canal Ferroviário (Recafe) está a decorrer como idealizou?
O Recafe faz parte de um projeto que já vem de há muitos anos. A verdade é que a obra está atrasada. Aquilo que está a ser feito é o que está no projeto e no desenho. Houve alguns pedidos de alteração que foram aceites e não interferem no que está idealizado. No entanto, há aspetos que ainda estão a ser analisados pelo dono da obra.

Que aspetos são esses?
As alterações feitas, a pedido da autarquia, em nada desvirtuaram o projeto e o seu conceito e, por isso, foram implementadas. Um exemplo teve a ver com o arruamento da Rua 8 e o seu reperfilamento, na curva, para unir com a zona norte, assim como algum posicionamento do estacionamento à superfície. Na ponte pedonal houve uma diminuição, pois ia mais para poente e teve de ser recuada. Mas de resto, as alterações que se pedem estão mais relacionadas com os materiais e com alternativas. Houve soluções que foram aceites e outras não, como foi o caso dos postes de iluminação, que foram desenhados pelo meu pai. Não permiti qualquer alteração.
De resto, o projeto está a correr dentro do que era espectável e dentro daquilo que são as minhas competências como projetista e como coordenador. Tudo o resto cabe ao dono de obra e à fiscalização.

Esta obra tem sido bastante escrutinada em fóruns públicos…

Tenho lido muitas críticas, algumas entram por um lado e saem por outro. Na maioria são feitas pelas mesmas pessoas e não são construtivas. Daí que nunca me mereceram qualquer tipo de resposta. Tenho pena que essas críticas não tenham sido feitas durante a apresentação do projeto no Multimeios. O nosso escritório esteve disponível e aberto a receber inputs da população para, eventualmente, podermos adaptar e ajustar o projeto. Recebemos algumas sugestões que foram implementadas. Este é um projeto evolutivo e o tempo dirá se está bem ou mal. Nós fazemos sempre o melhor e a pensar naquilo que também é o melhor para a cidade. Acredito que, com o tempo, as pessoas irão aperceber-se de que este projeto não é tão mau como dizem. Por isso, todas essas críticas são destrutivas, de memória curta e algumas de pura ignorância. Estou confiante naquilo que está feito e que as pessoas irão aprender a gostar da obra, que ainda não está acabada.

O Edifício Progresso, localizado a sul, tem sido dos mais escrutinados pela população, com queixas que oculta a vista para o mar. Não havia outra solução?

Foto: DE

Entrevista completa na edição de 9 de dezembro de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 30€.