A mobilidade elétrica vai-se consolidando no mundo inteiro e Portugal não é exceção. Os grandes agentes apostam cada vez mais no transporte suave e os recentes fundos europeus para a recuperação económica visam distribuir milhões para essa tecnologia. Mas em que patamar está Espinho? Os utilizadores locais da mobilidade limpa falam numa conversão lenta, mas a Câmara Municipal tem planos para implementar mais soluções.

A mobilidade elétrica já conquistou o seu lugar no debate público. Mais do que uma tendência em crescimento, para muitos já é visto como uma inevitabilidade e, de acordo com as metas europeias, o transporte limpo já não é visto somente como uma opção. Em julho deste ano, a União Europeia apresentou uma proposta que prevê o fim da comercialização de automóveis novos de motores a gasolina ou gasóleo a partir de 2035. Ou seja, daqui a 14 anos, os fabricantes de veículos só poderão comercializar carros “amigos do ambiente”.

Ainda que esta previsão possa parecer algo distante, a verdade é que o futuro já chegou para alguns. Sérgio Lapa, empresário de 42 anos, comprou um carro elétrico há cerca de ano e meio. Residente em Espinho, mas a trabalhar em Gaia, é ao volante de um 100% elétrico da marca Tesla que se desloca todos os dias. “O meu pai já era condutor de carros elétricos, por isso, de certa forma, fui aliciado por ele”, conta, explicando que escolheu o seu carro por conhecer bem o fabricante da marca americana. “Escolhi aquele que se enquadra nas minhas necessidades e realizei o processo de compra. Basicamente foi entrar num site, registar-me, dar meia dúzia de cliques e concluir um processo de encomenda”.

Sérgio Lapa confidencia à Defesa de Espinho que a experiência de conduzir um elétrico “tem correspondido às expectativas”, chegando mesmo “a excedê-las”, partilhando que só existe o arrependimento de não o ter feito mais cedo. “Os benefícios são mais do que muitos. É um carro que tem muito mais durabilidade, sofre menos desgaste, é mais confortável de guiar e já para não falar de toda a questão ambiental.”

Também rendido à mobilidade limpa, José António Tavares, professor universitário de 54 anos, é proprietário de um veículo elétrico desde março de 2020. Vive em Espinho, mas é até ao Porto que, diariamente, se desloca para dar aulas. Habituado a acompanhar a tendência de crescimento deste género de automóveis, José Tavares também optou pela Tesla. “Sempre estive atento a fóruns, a redes sociais e cheguei a participar num encontro realizado pela Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos. Se eu já estava inclinado para este tipo de carros, posso dizer que após esse encontro fiquei ainda mais”, afirma o professor universitário que preferiu trocar o seu automóvel a gasóleo por um elétrico.

Apesar de felizes com a troca da combustão pela bateria, Sérgio Lapa e José Tavares revelam alguma insatisfação com a adaptação do concelho à energia elétrica. Até há pouco tempo, apenas existia um posto de carregamento na cidade, situado na Avenida 24 e integrado num parque de estacionamento. “O posto de carregamento de Espinho é um PCN (Posto de Carregamento Normal), que tem duas tomadas e só permite carregar dois automóveis em simultâneo. Acho que não chega. Num ano, eu deverei ter usado esse posto cerca de quatro vezes”, salienta Sérgio Lapa. Para o empresário, “em Espinho há o desafio de aparecerem mais postos, porque eles são necessários. Além disso, o local onde ele se encontra acaba por ser pouco apelativo”, considera.

Reportagem completa na edição de 9 de dezembro de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 30€.