Está no mundo da música há uma década, mas foi na edição em curso do programa “The Voice Portugal”, transmitido pela RTP1 aos domingos à noite, que o país inteiro a conheceu. Juliana Oliveira só deixou o concurso na terceira fase, mas patenteou potencial para ir à final e, quiçá, colher os louros.

Participar no “The Voice Portugal” é uma experiência especial e que pode projetar a vida dos concorrentes. É mais marcante para quem não se inscreve e, num ápice, “entra” na ribalta?
Foi uma experiência gira. No início foi tudo a correr, porque eu não estava a contar participar no “The Voice”. Eu não me inscrevi no programa, mas fui convidada para as “provas cegas”. Fui apanhada de surpresa e não tive tempo para me preparar. Fui a concorrente de “última hora” e uma exceção para entrar numa equipa dos mentores.

E com que espírito é que aceitou o desafio televisivo?
Aceitei com o espírito de aventura. Disse para mim própria: “Vamos lá ver como é que isto funciona. Vou-me divertir e tentar tirar o máximo possível do momento, de subir ao palco e da oportunidade na televisão”. A produção do programa era gigante e tudo muito bem feito. Foi uma experiência única e confesso que tinha muita curiosidade.

Supõe-se que não lhe faltasse curiosidade…
Nunca me considerei cantora profissional, mas queria saber como é que pessoas como a Marisa [Liz], o António Zambujo, a Aurea e o Diogo Piçarra teriam para me dizer sobre a minha voz e a forma como eu canto. De facto, tinha muita curiosidade e então aproveitei a oportunidade. E fiz o que faria em qualquer outro palco. Já cantei para seis pessoas e com o mesmo espírito de dar tudo. No momento em que a música começa, já não sou eu e passo a ser parte da música. Sinto necessidade de dar à música aquilo que ela me pede.

Ficou convicta de que na primeira aparição no “The Voice” tinha surpreendido e baralhado as contas dos mentores, ou que excedera as suas próprias expectativas?
Enquanto eu estava a cantar nem me apercebi muito bem do movimento das cadeiras a virarem. E até confesso que, antes de isso acontecer, pensei que se calhar iria bloquear se os mentores não virassem as cadeiras, ou se virassem talvez me perdesse na música. Isso por acaso não aconteceu, porque eu estava dentro da música, e só quando acabou é que eu olhei em frente. Vi cadeiras viradas e o mentor António Zambujo logo bloqueado pela Aurea na escolha. Senti uma alegria imensa ao ouvir todo o público a aplaudir e os elogios dos mentores. Foi extasiante. É claro que é muito difícil não criar expectativas. Acho que é muito difícil em qualquer coisa da nossa vida, como quando começamos um relacionamento, ou um novo trabalho. Tenho feito sempre um esforço muito grande para não criar expectativas. Prefiro caminhar na vida passinho a passinho. E foi assim que encarei a “prova cega” do “The Voice”.

E, entretanto, teve de escolher um mentor. Isso criou-lhe embaraço?
Não. Já tinha mais ou menos definido quem é que iria escolher. E caso virasse a cadeira, seria a Marisa ou o António Zambujo, mas ele foi bloqueado pela Aurea. Respeito imenso o trabalho artístico de todos os mentores, mas acho que a Marisa tem um estilo que se identifica mais com o meu. É mais roqueira e tem um timbre que a identifica. Ela abre a boca e sabemos que é a Marisa Liz que está a cantar. Ela tem uma identidade artística que eu queria absorver um bocadinho.

Queria mais um bocadinho, mas estou muito feliz. Todos os concorrentes têm imenso talento, mas estava a contar chegar às “galas”, sem pensar que iria às “finais”.

Conseguiu avaliar a personalidade dos mentores?
Não. A gente só vê aquilo que eles nos mostram. Os concorrentes sempre estão um pouco mais perto dos mentores do que os telespetadores que estão em casa a assistir ao programa, mas também não é muito diferente.

Aparentou já estar adaptada às circunstâncias na fase das “batalhas”…
Foi a adversária que me escolheu. E fiquei contente quando a Antonina me escolheu, porque foi alguém que apenas vi e ouvi o ensaio. Pensei então que se tivesse de escolher um concorrente seria alguém que tivesse visto a ensaiar. Ela escolheu um tema ritmado e alegre e que fez sentido com o meu tema [Juliana escolheu Piece of My Heart e Antonina cantou Mambo Italiano]. Mas quero salientar que não concorri com o espírito de vencer alguém. E, por isso, a “batalha” foi para mim mais uma eliminatória. Eu quando subo a um palco apenas quero arrebatar o público.

O “power” da Juliana Oliveira foi bem patente na “prova cega” e na “batalha”…
Quem me ouviu, pensou que ia conseguia berrar e tinha “power”, mas não viram a Juliana que sabe cantar outros estilos. Também gosto de cantar de forma doce. Mas, sim, gosto de exteriorizar.

E algo adocicada foi o início da atuação na eliminatória do “tira-teimas”, culminando em força, mas não sendo qualificada para as “galas”…
É muito difícil não criar expectativas e eu esforcei-me para não fazer o fazer. Mas foi uma surpresa para mim a situação de ter ficado triste e de sair do programa. Fiquei, fiquei! Queria mais um bocadinho, mas estou muito feliz. Todos os concorrentes têm imenso talento, mas estava a contar chegar às “galas”, sem pensar que iria às “finais”. Não aconteceu, mas está tudo bem na mesma.