Rita Belinha é um dos rostos mais conhecidos das manhãs da RTP. É natural de Espinho, foi por cá que cresceu, e foi na Defesa de Espinho que deu os primeiros passos na profissão. A repórter de televisão regressou ao jornal em que estagiou, desta vez no papel de entrevistada, para falar sobre a sua carreira e a cidade que diz adorar.

Quem é a Rita Belinha?

A Rita Belinha é uma orgulhosa espinhense. Apesar de ter 34 anos, ainda me sinto uma miúda, tal como me sentia quando era jornalista da Defesa de Espinho. Agora com mais responsabilidade, porque sou mãe, mas sou uma miúda bem-disposta, de família e feliz.

Como foi a infância em Espinho?

Maravilhosa. Eu vivi sempre na Rua 30 e tenho memórias incríveis de descer a 19 e subir a 23 de mão dada com o meu pai. Percorri a frente de mar para trás e para a frente quase todos os dias. Estudei na Escola Espinho Nº 2 até à quarta classe e o meu pai ia sempre buscar-me à hora de almoço, o que era um luxo, porque hoje em dia quase ninguém vai almoçar a casa. Almoçava numa hora e o restante tempo era passado à beira-mar, fizesse sol ou frio. Eu tenho a memória viva até hoje de subir para aquele muro que existe à beira-mar e fazê-lo de mão dada com o meu pai. Eu no patamar de cima e ele no chão. Joguei voleibol durante dez anos no Sporting de Espinho e fui duas vezes campeã nacional. Passei muitos momentos na Praia da Baía com os meus amigos.

Na escola havia alguma aptidão para a comunicação?

Sim. Na Escola Secundária Manuel Laranjeira, onde andei, havia um jornal que se chamava ‘Pirata’ e em que cheguei a escrever. Havia também uma rádio em que tive uma ou outra experiência. Fui para a área de Línguas e Humanidades e aí já havia um interesse, mas acho que até ao 12º ano ainda é muito cedo para se escolher a profissão, a não ser que haja já uma vontade clara.

No início da universidade o Direito ganhou ao jornalismo …

Sim. Estive um ano no curso de Direito, mas depois mudei para Novas Tecnologias da Comunicação. Eu sabia que tinha jeito para algo ligado à comunicação. Recordo-me que um dos presentes que recebi em criança foi um rádio vermelho que tinha um microfone e gravava a nossa voz. Colocava-se uma cassete daquelas antigas e até dava para gravar a emissão da rádio que estivesse a dar. Aquele foi o brinquedo que mais gostei de ter. Já por aí se percebia que havia qualquer coisa em mim ligada à comunicação, mas nunca tive a certeza absoluta do que queria em termos profissionais.

Daí ter escolhido o Direito?

No dia anterior a concorrermos à Universidade, disse à minha melhor amiga que Direito era o último curso que eu escolheria. No entanto, no dia seguinte, quando fomos fazer a candidatura, pensei que talvez fosse um curso que desse para imensas coisas. Acabei por escolher essa área e ir para Lisboa. Mais tarde arrependi-me amargamente. Acabei por não ir e fiquei na Universidade Católica, no Porto. Nessa altura não tinha as ideias minimamente organizadas. No final do primeiro semestre percebi logo que não queria nada daquilo. Estudar horas e horas não tinha nada a haver comigo e voltei ao liceu para assistir às aulas de português e fazer a específica para entrar num curso ligado à comunicação. E assim foi. Fiz Novas Tecnologias da Comunicação em Aveiro.

A primeira experiência profissional foi na Defesa de Espinho?

Sim. Eu estava a fazer a licenciatura e, no último ano, ainda não sabia bem o que queria. Acabei por pedir ao Lúcio Alberto, o diretor do jornal, para fazer um estágio. Tinha 22 anos e ainda me lembro da minha primeira reportagem.

Qual foi?

Eu sou péssima de memória e para ainda me lembrar é porque me marcou. Eu aí percebi que aquilo ia ser mesmo a minha vida. O primeiro trabalho foi uma reportagem com o Rotary Club de Espinho, num evento que aconteceu num hotel de Espinho. Foi uma palestra que houve sobre perfumes. Eu adorei ir lá ouvir e depois chegar a casa e escrever a história.

Foi uma fase importante?

Sim. Estive um ano a fazer estágio na Defesa de Espinho e no fim desse ano o Lúcio disse-me: ‘ou começas a ganhar dinheiro ou eu não quero que continues a trabalhar como estagiária, porque já estas a trabalhar como uma de nós’. A partir desse segundo ano comecei a ganhar para trabalhar e foi nessa altura que decidi ir para o mestrado de Informação e Jornalismo. No final do primeiro ano concorri para a Academia da RTP. Até cheguei a estar na Defesa e na RTP em simultâneo durante um tempo, mas depois percebi que não conseguia. Foi aí que saí do jornal. Estávamos em 2011.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 30 de dezembro de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 30€.