“Editamos três singles e temos 11 preparados para sair”, dá nota o espinhense André Meneses (compositor e vocalista), elemento e impulsionador do grupo Todagente, também corporizado por Francisco Reis (saxofonista) e Marco Correia (guitarrista e vocalista).

“A definição de Todagente vem do facto de priorizarmos as nossas mensagens e de as pormos de uma forma simples para todos”, salienta André Meneses, o espinhense do trio que ousa impor-se no quadro nacional da música diferenciadora e contemporânea. “Mais do que ser nosso é passar o projeto para toda a gente. E quem dera que seja para toda a gente, porque seria bom sinal!”

Mas porquê Todagente? A pergunta também se impõe e a resposta é, de facto, lógica e, por isso, elucidativa. “Queríamos que este projeto tivesse uma mensagem prioritária sobre os atos e a vida das pessoas.”

E nessa simplicidade que Todagente nasce de um projeto de três gerações: Marco Correia tem 27 anos, André Meneses conta com 36 e Francisco Reis já fez 50. “Isto permite passar a experiência de cada um de nós. O Francisco tem mais experiência, mas eu e o Marco estamos a vivenciar experiências e ele também vivencia connosco. O que passo, já passou, e o importante é o que estamos a viver e a sentir agora. Todagente significa que é um projeto de todos e que as mensagens são interpretativas e interpretadas.”

Fusão urbana

André Meneses é de Espinho, Francisco Reis vive em S. João da Madeira e Marco Correia reside em Matosinhos. “Houve uma festa no Doo Bop, na praia da Baía, em que eu levei funk e o Francisco Reis também”, recorda o espinhense, relatando os primórdios de Toda agente. “Foi um encontro cheio de energia e ficamos amigos desde então. Começamos a compor, eu com a minha tendência hip-hop e ele com a sua vertente instrumental com o saxofone. Entendemos que o resultado não era acústico, nem hip-hop, mas era uma fusão. Percebemos depois que precisávamos de uma voz de veludo, como se diz na gíria. Eu sou vocalista urbano e ele é saxofonista e cantor lírico e, por isso, precisávamos de uma voz melódica e comercial e, por isso, contactamos o Marco Correia. Mal pensamos no assunto, soubemos logo que ia ser ele.”

A primeira banda de André Meneses era espinhense. “Eu e os outros elementos seguimos caminhos diferentes. Fiz espetáculos em casinos”.

Todavia, não se afigura fácil encetar uma carreira a solo e a conjuntura não tem sido abonada nem sequer tão apelativa quanto seria suposto. “Não há suporte na cultura”, lamenta André. “O apoio à cultura é um dos princípios básicos da democracia, mas infelizmente na prática não é assim.”

“Pus a minha vida muito organizada empresarialmente, e era esse o foco para que a base estivesse bem sólida”, prossegue sem querer perder tempo com o passado, privilegiando o presente e apostando no futuro. “Tem valido a aposta no projeto Todagente.”

Entrevista disponível, na íntegra, na edição de 13 de janeiro de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 30€.