Terrenos do antigo estádio do SC Espinho: Venda de seis dos oito lotes poderá render cerca 12 milhões de euros

Foto: Defesa de Espinho

A sociedade Espinho XXI, detentora dos terrenos do antigo estádio e pavilhão do Sporting Clube de Espinho, deverá encaixar, em breve, o valor correspondente à venda de seis dos oito lotes daquele terreno, correspondente a cerca de 12 milhões de euros. Para já, os contratos de promessa de compra e venda celebrados a 16 de março passado visam a venda de cinco lotes. Mas há um lote adicional que pode estar fechado em breve. O valor da operação deverá liquidar as dívidas com os credores.

A Espinho XXI, gerida pelo SC Espinho, é a entidade responsável pela administração dos terrenos do antigo estádio e pavilhão do clube, cujo Plano de Pormenor/Operação de Loteamento prevê a construção de cerca de 30 mil metros quadrados acima do solo na chamada ‘unidade de execução A’.

Para já, estão negociados cinco lotes, com a capacidade para a construção de habitações e que poderá levar a um encaixe financeiro de 8,2 milhões de euros. Está ainda em negociação o lote 3, uma área para comércio e serviços, e que conta com uma proposta por parte de um grupo internacional ligado ao ramo da hotelaria e turismo de 3,6 milhões de euros.

Recorde-se que o montante das dívidas aos credores que está envolvida no Plano de Insolvência e, consequentemente no âmbito da sociedade Espinho XXI, ascende aos 13,1 milhões de euros.

Para que este valor possa cobrir o valor das dívidas, a administração daquela sociedade tem já negociados descontos e perdão de juros com os principais credores. No entanto, para que toda esta operação imobiliária e financeira possa ser viável, o valor desta redução médio “deverá situar-se nos 20%”.

Segundo o presidente do Conselho de Administração da Espinho XXI, Bruno Santos, os valores dos lotes já negociados “correspondem a cerca de 60% dos créditos reconhecidos”, incluindo as condições de liquidação dos créditos.

Este negócio da venda de cinco parcelas (8,2 milhões de euros), está dependente do registo definitivo dos lotes e de algumas questões burocráticas, tais como os pedidos de informação vinculativa à Autoridade Tributária que já foram enviados pela administração da Espinho XXI, com carácter de urgência e que terão como prazos os 60 a 75 dias.

Na Assembleia Geral Extraordinária, Bruno Santos deu conta de que o valor sobrante desta operação (que poderá resultar da venda dos dois últimos lotes) se vier a concretizar-se, “após pagamento das dívidas a credores, impostos e outros gastos, reverterá por inteiro para o SC Espinho” e deverá, “no entender da direção do clube, ser investido unicamente em património imobiliário como, por exemplo, na construção de um pavilhão próprio para as modalidades”.

Ficam por negociar dois dos oito lotes, no âmbito da ‘unidade de execução B’, e que envolvem áreas que não eram propriedade do clube.

A Espinho XXI – Sociedade de Investimentos Imobiliários, SA foi constituída a 15 de dezembro de 2017, no âmbito do Plano de Insolvência do SC Espinho, nos termos aprovados pelo Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia.

Para a Espinho XXI foi transferido o património imobiliário do SC Espinho, assim como as dívidas dos credores, com vista a salvaguardar o clube de qualquer liquidação.

O SC Espinho já liquidou as dívidas à Autoridade Tributária e continua a pagar à Segurança Social, em acordo de prestações, “pago pontualmente”, um valor que anda entre os 20 e os 30 mil euros. Fora do acordo do Plano de Insolvência ficou de fora, também, uma dívida à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) que está a ser liquidada, também com um plano de prestações, pelo clube.

Foto: Defesa de Espinho

Uma luz ao fundo do túnel

Entretanto, na Assembleia Geral, o presidente da direção do SC Espinho, Bernardo Gomes de Almeida mostrou-se esperançado e recordou que “há poucos anos, quase ninguém acreditava que o processo pudesse chegar ao ponto em que hoje se encontra. Era um processo complexo e burocrático, cheio de dificuldades, com dezenas e dezenas de credores, alguns deles com ónus sobre os terrenos, como hipotecas e penhoras”, lembrou o presidente do clube.

Além disto, Bernardo Gomes de Almeida apontou o dedo à situação dos terrenos em termos de licenciamento que “suscitava dúvidas sobre a viabilidade da operação de loteamento: o Plano de Pormenor tinha erros e incongruências, não havia certezas sobre as condições de urbanização e restavam sérias dúvidas de que o registo dos lotes pudesse ser feito”.

Segundo aquele responsável pelos tigres, “todos estes nós e problemas foram desatados nos últimos três ou quatro anos. E agora estamos em condições de apresentar e desenvolver a fase de comercialização que, a médio prazo, pode render mais-valias importantes para o nosso clube. É evidente que ainda há alguns nós para desatar, mas começa a ver-se a luz ao fundo
do túnel”, sublinhou o presidente do SC Espinho.

“Entendo que estamos no caminho certo” e que “a solução encontrada pode permitir um novo ciclo de vida ao SC Espinho, pode permitir que o clube possa voltar a ter património imobiliário próprio, e pode ainda ajudar a resolver alguns assuntos pendentes relacionados com o processo de insolvência”, concluiu.