Foto: Sara Ferreira

Chama-se António Octávio da Conceição Correia, mas “Toninho” basta para reconhecer a incontornável figura do voleibol do Sporting Clube de Espinho. Apesar de ser indissociável desta modalidade, Toninho, aos 77 anos, é também uma incontestável figura espinhense e querido por todos os que se cruzam com ele nas ruas da cidade.

A Defesa de Espinho foi conhecer um pouco mais da vida do “nosso Toninho” e saber o que o torna tão especial para grandes nomes do voleibol tigre.

O Toninho é um homem de Espinho.

Sim. A minha infância foi vivida na minha casa que era na Rua 4, entre as ruas 27 e 29, bem perto de onde era o pavilhão do Sporting Clube (SC) de Espinho.

Como recorda a sua infância na cidade?

Foi muito boa. Naquela altura, a gente passava o tempo na praia e na escola, a minha era aquela à beira da Câmara. E muita da minha infância também foi passada no pavilhão do SC Espinho.

Foi assim que o voleibol entrou na sua vida?

Comecei a ir para o pavilhão com seis anos ou sete e convivia com o Ângelo, o Ferreira e o José Ribeiro, que já faleceram. Os senhores do Espinho achavam-me piada, por ir para lá de calções e a correr de um lado para o outro, mesmo eu tendo as pernas com muitas cicatrizes por causa de problemas de saúde. E eu achava-lhes piada a eles e ao ambiente. Comecei por ser apanha bolas e também levava os equipamentos dos jogadores para casa para a minha mãe lavar. Ela também fazia um termos grande de chá e eu levava para os jogadores beberem. Era pau para toda a colher. Mas apaixonei-me logo por aquilo.

Começou a trabalhar bastante jovem, mas não foi só no SC Espinho.

Na altura, quem me ajudou a arranjar trabalho foi o Ângelo. Por volta dos meus 16 anos comecei a trabalhar no TeleRocha, na parte dos escritórios. Foram 48 anos naquela casa. Eu só tinha a quarta classe, mas era muito inteligente e lidava com muito boa gente. E toda a gente me conhecia. O Espinho arranjou-me uma bicicleta e eu ia com ela para o trabalho, para casa e para o pavilhão. Saía do trabalho e ia para o pavilhão. E só saía de lá quando estava tudo pronto e não era preciso mais nada. Se tivesse de passar lá a noite, passava.

Apesar de ter a sua vida profissional, nunca deixou de estar envolvido no Espinho e no voleibol.

Nunca. Desde que comecei a ir para o pavilhão para apanhar bolas e a ter contacto com o voleibol que me apaixonei por aquilo. Foi mesmo amor à primeira vista.

Qual era o seu cargo no SCE?

Era tudo [risos]. Eu fazia tudo. Não havia ninguém que tomasse conta de algumas coisas e eu estava lá para levar aquilo para a frente. Fui diretor, seccionista, fui o que foi preciso ser.

E nunca se importou por ter de fazer tudo?

Nada, nunca. Fazia por gosto.

Por que é que optou só pelo voleibol e não por outro desporto?

Porque não me deu para isso. Deu-me para o voleibol e fui para o voleibol. Entrei naquele mundo e não consegui mais sair.

O que o cativou na modalidade?

Muita coisa, muita coisa mesmo. Acho que o voleibol também me cativou um pouco pelas pessoas que me deu. O Ângelo, o Ferreira e o José Ribeiro foram sempre excecionais comigo, eram homens simples.

E nunca lhe deu vontade de entrar para dentro da quadra e jogar?

Não [risos]. Não é fácil andar no voleibol. Aquilo é difícil, é um desporto muito técnico.

Dedicou-se sempre mais às equipas femininas.

Sim. Comecei a ver os jogos das equipas femininas e achei que aquilo era um espetáculo. Então comecei a andar com as meninas e a dedicar-me ao voleibol feminino. Naquela altura, o feminino não tinha tanto apoio como tem agora, ou mesmo nenhum apoio, e estava a tentar a subida de divisão. Então, comecei a tentar levar aquilo para a frente para tentar ajudar. E foi incrível, foi um espetáculo. Daí para a frente foi sempre a andar [risos].

Mas houve uma altura em que o voleibol feminino a nível sénior acabou e passou um longo período sem estar ativo. Como se sentiu?

Entrevista completa na edição de 5 de maio de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.