Nuno Rangel: “Gostaria de, um dia, voltar a treinar o SC Espinho”

Foto: Sara Ferreira

(Pinto Ribeiro), Nuno Rangel escolheu o futsal, como modalidade. Mais tarde, no Arcozelo, no clube onde o seu filho começou a praticar a modalidade, enveredou pela carreira de treinador. Foi adjunto de João Ferreira, no SC Espinho, treinador principal no Esmoriz e está à frente do GD Mirandês, de Miranda do Douro, desde a época finda. Ainda jovem, Nuno Rangel teve de vencer uma leucemia e atualmente, o futebol é a sua grande paixão.

Quem é o Nuno Rangel?

Nasci em Espinho e, por isso, desde muito novo que a minha vida sempre se fez em Espinho. O meu avô tinha um estabelecimento comercial na Rua 19, o Orlando Modas. Era aí que a minha mãe trabalhava e o meu pai, Pinto Ribeiro, jogou futebol no SC Espinho, na primeira equipa que subiu à 1.ª Divisão, em 1973. Embora não morasse cá, esta era a minha terra natal. Por isso, a partir dos 10 anos só queria cá estar e, desde essa altura, até casar, fiquei a viver com os meus avós em Espinho.

Por que razão foi morar para fora de Espinho?

Conheci a minha mulher e, em 2001, casámos. Tal como aconteceu a muitos jovens da minha geração, os preços das casas em Espinho eram demasiado elevados e, por isso, tivemos de encontrar um local para morarmos onde as casas fossem mais baratas. Fomos viver para Francelos, mantendo sempre a minha ligação a Espinho onde estão todas as minhas amizades da adolescência.

O seu percurso escolar foi aqui?

Nunca estudei em Espinho. O meu percurso escolar foi no Colégio de Santa Maria de Lamas, mas todas as minhas amizades estavam cá. Era nesta cidade que me sentia bem porque tinha liberdade para entrar e sair de casa e para fazer a minha vida.

Como entrou para o desporto?

A minha presença no desporto foi no futsal, numa equipa de Vila Nova de Gaia que jogava no Campeonato Distrital do Porto. Em 2003, fui convidado a jogar no Sporting Clube de Silvalde, o que nunca aconteceu.

Por que razão nunca jogou futebol sendo o seu pai um antigo futebolista?

Ele nunca me levou a experimentar jogar futebol num clube porque, nesse tempo, não era como agora, que se levam os miúdos e paga-se a mensalidade para eles treinarem. Tinha de se ter qualidades para que os clubes aceitassem ficar connosco.

No entanto, ainda hoje não sei por que razão o meu pai, tendo estado ligado ao futebol como jogador, nunca me levou a um clube para ser observado!

Com as amizades que tinha, na altura, acabei por ficar no futsal. Fiz o meu caminho por mim próprio. O meu pai raramente ia ver os meus jogos, mas perguntava-me como as coisas estavam a correr.

O meu filho [Gustavo Ribeiro] joga nos sub-19 do SC Espinho e nunca o acompanhei muito de perto no futebol. Fui coordenador na formação e senti imenso a pressão dos pais e, por isso, não queria que os treinadores do meu filho sentissem o mesmo da minha parte.

Sempre se interessou pelo historial do Pinto Ribeiro no futebol?

Embora ele nunca tenha sido um grande jogador, sempre foi o meu ídolo. Lidei muito com antigos colegas dele, como o Vítor Oliveira, Manuel José, Meireles e muitos outros que frequentavam a casa dos meus pais.

O meu pai era um jogador muito útil à equipa. Era bom nas marcações. O Manuel José dizia muitas vezes que lhe passava uma bola e que ele lhe passava um melão! O que é certo é que num jogo com o FC Porto, ele fez uma marcação ao Cubillas e não deixou que ele marcasse ao SC Espinho.

Quais foram os melhores e os piores momentos da sua vida?

O ano de 2003 marcou-me imenso, por uma boa razão e por um mau motivo. O nascimento do meu filho, em março, foi algo de extraordinário que me aconteceu. No entanto, em agosto foi-me diagnosticada uma leucemia. Nunca tinha tido problemas de saúde. Isso deu uma volta muito grande na minha vida. Fui extrair um dente e nunca mais cicatrizava. Com as análises verificou-se que tinha a doença. Não sabia muito bem o que era isso! Foi uma fase muito complicada da minha vida. Foram cinco anos em tratamentos, com transplantes, com duas recaídas pelo meio e a probabilidade de cura ia-se reduzindo. No entanto, a partir de 2008, felizmente, nunca mais tive problemas.

Como conseguiu ultrapassar esse problema da sua doença?

Estes momentos marcaram a minha vida e a minha carreira. Comecei a ver as coisas de uma forma um bocadinho diferente. O meu filho tinha seis meses quando fiquei doente. Queria muito vê-lo a crescer, a jogar à bola e a namorar. Foi essa a minha grande força. Agarrei-me a isso e à minha família, à minha mulher, aos meus pais e ao meu filho.

Entrevista completa na edição de 23 de junho de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.