Foto: Sara Ferreira

Foi por imposição dos pais que Isabel Rodrigues acabou por encontrar na música e no piano a paixão para a vida. O ensino surgiu por acréscimo e é a passar os seus conhecimentos aos mais novos que tem a sua vocação. Além das aulas, Isabel Rodrigues dedica o seu tempo ao Orfeão de Espinho, bem como a outros projetos que surgem na cidade para dar a conhecer o cancioneiro local.

O gosto pela música e pelo piano surgiu naturalmente?

Foi uma imposição, de certa forma. Comecei a estudar música com quatro anos, por vontade dos meus pais, até ao secundário. Nessa altura, comecei a ter noção de que queria seguir música, mas acabou por ser o gosto dos pais a orientar esta vocação, que começou no ensino articulado até ao 12.º ano e terminou na ESMAE (Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo). O piano foi também por imposição deles. Cheguei a experimentar flauta e canto, mas a formação base foi o piano.

Como é que o piano passou de imposição a paixão?

Eu lembro-me que foi uma imposição durante muitos anos. Essa dúvida surgiu também por o piano não ser portátil e ser um instrumento muito solitário, porque se toca sozinho e quando se apresenta algum trabalho, apresenta-se sozinho. Só comecei a gostar do piano quando entrei na Escola Superior, porque conheci um professor espetacular que me motivou e a partir daí foi estudar e tocar.

A música trouxe-lhe o gosto pelo ensino?

Sim. Acho que tem que ver muito com os ensinamentos que temos. Eu tive um professor, que hoje é meu colega de trabalho e um grande amigo, que desenvolveu este gosto em mim. Quando eu decidi seguir música, nunca me passou pela cabeça ser professora de piano, porque na altura não gostava do instrumento a esse ponto. E este professor é que me ensinou a ver a música de outra perspetiva e me incutiu o gosto pelo piano e pelo ensino. Foi ele que me fez pensar: “é isto que eu quero fazer!”.

O facto de ter estudado música por imposição faz com que consiga ajudar os alunos que estão na mesma situação?

Sim, é uma mais valia. Eles ficam muito admirados quando lhe conto isso. Ensinar música é muito exigente, porque é preciso gostar muito e quem está a aprender também tem de gostar. Enquanto que os amigos deles vão para o parque brincar ou para esplanadas, eles têm de ir para casa estudar, porque um instrumento é algo muito exigente. E eu sei que se não tivesse tido o empurrão dos meus pais, tinha desistido, porque é o caminho mais fácil. Hoje em dia falo muito disso com os alunos e com os pais. Os alunos passam sempre por uma fase de dúvidas, mas quando conseguem dar o salto, percebem que há outros caminhos dentro da música que podem seguir.

Entrevista completa na edição de 23 de junho de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.