Carlitos: “Enquanto sentir que não estou a mais no futebol irei continuar a jogar”

Carlitos nasceu numa viela (Rua 37 A) junto ao antigo Estádio Comendador Manuel de Oliveira Violas (foto: Francisco Azevedo)

João Carlos Dias Correia, mais conhecido por Carlitos ou por Carligol, nasceu na zona da beira-mar espinhense, numa viela encostada ao antigo Estádio Comendador Manuel de Oliveira Violas. Cresceu com o ‘cheiro’ do futebol e a sua grande paixão sempre foi o SC Espinho, clube onde se formou. Carlitos, que teve a braçadeira de capitão, foi adorado pelos adeptos espinhenses, sobretudo pela entrega e pelo amor que sempre demonstrou pelos tigres. Muito novo deixou a cidade que o viu nascer, rumando a Riachos (Torres Novas) onde enfrentou um novo desafio na sua vida que pretendia ver ligado ao futebol. Chegou a futebolista profissional, vestindo as cores da UD Oliveirense e levou o clube do seu coração, o SC Espinho, ao Campeonato de Portugal.

Como foi o seu contacto com o futebol?

Tudo começou junto à minha casa que ficava encostada ao antigo Estádio Comendador Manuel de Oliveira Violas. Passava horas a fio, junto ao Vizelinha (um pequeno campo que ficava a norte do estádio, junto ao antigo pavilhão Joaquim Moreira da Costa Júnior), a ver os treinos da equipa sénior. Via, também, os miúdos a jogarem à bola naquele local e, por isso, pedi ao meu pai para me levar lá. Foi ali que dei os meus primeiros pontapés na bola pelo SC Espinho.

A sua paixão sempre foi o futebol ou andou entusiasmado por outras modalidades?

O futebol foi e é a minha grande paixão. Vivo muito esta modalidade desde criança e, por isso, nunca pratiquei outra coisa.

Recorda-se de alguns colegas seus desse tempo?

Lembro-me bem do Filipe Gonçalves e de outros jogadores que estavam em escalões mais acima do meu.

Quando enveredou pelo futebol pensou que seria aí o seu futuro?

Morava junto ao estádio do SC Espinho e, por isso, vivi os melhores tempos do clube. Via aquele estádio completamente cheio e o clube a jogar na primeira e na segunda Liga. Fiquei apaixonado. Achei que poderia seguir esse sonho de ser jogador de futebol através deste clube.

Tendo feito o seu percurso na formação do SC Espinho foi um dos jovens apresentados para representar os seniores do clube…

Fui eu, o Zenha e o Charles. Foi muito bom e motivador, apesar de sermos muito jovens e muito frágeis para o futebol que era praticado na altura, que era composto por jogadores muito robustos e fortes. Recordo-me que só o facto de podermos treinar com os seniores já era a concretização de um sonho e o facto de passarmos a fazer parte do plantel deixou-nos felizes. Poder vestir a camisola da equipa principal era fantástico.

Foi esse momento um contributo à forte ligação que teve com o clube?

Foi, de facto, um momento importante. O SC Espinho estará sempre presente na minha vida, porque é o clube que amo. Em miúdo, com apenas 12 anos, já era adjunto do técnico de equipamentos, do Julião Caneira. Estive lá durante quatro anos e andava com a equipa para todo o lado. Era a mascote. Foi isso, também, que me fez acreditar que poderia, um dia, ser jogador de futebol. Na altura não era por o Espinho estar num campeonato profissional, mas sim por ser o meu clube. Estava dentro da estrutura e do plantel e isso criou em mim grandes raízes.

Tinha O sonho DE SER CAPITÃO DO sc eSPINHO, mas sabia que era muito difícil alcançá-lo

Como jogador sempre foi avançado?

Sempre ocupei a posição de avançado centro ou de extremo. Estava sempre mais perto da baliza porque gostava de fazer golos. No entanto, na altura em que passei pelos juniores e pelo meu primeiro ano de sénior, notei que os defesas eram muito agressivos e altos. Como era muito franzino, os treinadores não me viam como avançado e, por isso, não era opção como avançado para alguns deles, mas sim como extremo, porque era muito rápido. Mas a posição onde gosto mais de jogar é como avançado.

Recorda-se de grandes jogadores com os quais tenha jogado?

O Bruno Moraes, que foi campeão pelo FC Porto, era extraordinário. Ainda hoje me mantenho em contacto com ele porque fizemos uma grande amizade. Mas tive, também, o prazer de jogar com o Carlos Manuel, que foi um atleta que deu muito ao SC Espinho.

O meu ídolo é e será sempre o Artur Jorge, o avançado que representou o SC Espinho. Nunca joguei com ele, mas vi nele tudo aquilo que pretendia ser como jogador. Ele está no Luxemburgo, mas ainda nos mantemos em contacto. Quando ele marcava um golo vinha sempre ter comigo quando eu era criança e pegava-me ao colo para festejar os seus golos.

Carlitos Correia junto à placa que assinala a rua onde cresceu. Foto: Francisco Azevedo

Sempre sonhou poder colocar a braçadeira de capitão do SC Espinho como chegou a ter durante vários anos?

Tinha esse sonho, mas sabia que era muito difícil conseguir alcançá-lo. Sempre pensei que o SC Espinho estaria num lugar de destaque no futebol e que, por isso, teria sempre bons jogadores. Mas esse sonho acabou por se tornar realidade.

Como foi o seu percurso fora da sua terra natal?

Na altura jogava em Espinho e o treinador era o Francisco Barão. Estava no plantel, mas sabia que seria difícil ter um lugar, apesar de as coisas estarem a correr bem. Ele perguntou-me se aceitava ir jogar para um outro clube. Foi ele que me colocou no Riachense. A época correu-me muito bem e fiz golos. O Monsanto foi-me buscar. Daí para a frente comecei a progredir e cheguei à II Liga.

Entrevista completa na edição de 21 de julho de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.