Fotografia: Francisco Azevedo/DE

Está patente no Museu Municipal, até 3 de setembro, a exposição dos 75 anos do pintor Cabral Pinto, nascido em Espinho e que até há dois meses era o diretor artístico da Bienal de Cerveira. Discípulo de José Rodrigues, o autor recupera o percurso trilhado nas artes plásticas, revela vontade de intervir e confessa que gostaria de fazer um trabalho “assertivo” sobre a cidade natal.

Houve arte e engenho para se mudar o rumo da vida que se projetava sem pinta artística?

Os meus pais queriam que eu fosse engenheiro. Frequentei o ensino industrial no Porto, mas era uma nódoa como aluno e o escultor José Rodrigues disse então ao meu pai que eu devia estudar artes plásticas, porque desenhava muito bem.

E como é que o escultor José Rodrigues lhe mudou o destino?

O meu irmão mais velho era colega de Jacinto Rodrigues, irmão do José Rodrigues. Frequentavam a nossa casa no Porto e José Rodrigues convenceu o meu pai e entusiasmou-me até ao curso superior das Belas Artes. Foi deste modo que apareci na pintura. E, se assim não fosse, seria um mau engenheiro.

E assim transferiu-se da Escola Infante D. Henrique para a Escola Soares dos Reis…

Obtendo então notas de 18, 19 e 20 valores, quando dantes tinha negativas de 4…

Quando é que expôs pela primeira vez o seu talento artístico?

Não tinha 20 anos, nem sequer 18 quando participei numa exposição coletiva. E, antes dos 18 anos, já tinha feito uma exposição individual, mas sem grande aparato, num café do Porto.

Estava a ganhar experiência e a avaliar o futuro e a sorte…

Contei com o apoio dos professores e dos colegas, entre os quais artistas que convidei para a minha exposição em Espinho e que assinala 75 anos de vida. Eu, o Centeno, o Fernando Saraiva, o Vasco Coutinho e o Manel Porfírio continuamos juntos ao longo da vida e a trabalhar em projetos de uns e de outros.

Entretanto, a vida não tem sido apenas a pintar…

Fui dar aulas de desenho (disciplina agora denominada por educação visual) em Anadia. A minha vida foi ser professor, mas foi a partir da docência que passei a dedicar-me à pintura. Reformei-me em 2004 e então dediquei-me efetivamente às artes.

Artigo disponível, na íntegra, na edição de 28 de julho de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.