Foto: Isabel Faustino

A pandemia obrigou muita gente a trabalhar a partir de casa e a começar a confundir os horários de trabalho e de descanso, bem como a isolar cada vez mais as pessoas. Para alguns espinhenses, a solução passou por criar espaços de trabalho partilhados, que promovessem o convívio e a troca de ideias entre profissionais de várias áreas. Começaram a surgir, assim, os espaços de cowork na cidade de Espinho, onde reina o profissionalismo, mas onde também há espaço para a amizade e a diversão.

O coworking emergiu pela primeira vez na cidade de Espinho no ano de 2011. O Dropbox, situado na Rua 62, foi o local de estreia para implementação deste método de trabalho mais liberal e futurista. Era um espaço que acolhia “negócios pequenos e flexíveis em áreas como as artes e a fotografia” e onde “as pessoas partilham conhecimento e contactos”. Quem o explicou foi Pedro Botelho, responsável pelo estabelecimento, em declarações ao jornal Público, a 24 de julho de 2011. A juntar ao facto de Espinho a ser o concelho com maior taxa de desemprego do país na altura, o medo de ver o negócio falhar e de investir no Município foram as razões mais apontadas para o não sucesso do espaço.

Em 2017, surgiu a marca “ExperimentAR Espinho”, que integrava a candidatura do Município de Espinho, designada por “Bairro Piscatório da Marinha de Silvalde-Requalificação do Espaço Público e Criação de um Centro de Inovação e Coworking”. A assinatura de um Memorando de Entendimento para a instalação e desenvolvimento do Espaço de Investigação, Inovação, Experimentação e Empreendedorismo em Automação Robótica aconteceu, mas a abertura do espaço de coworking não. As obras foram feitas, mas a inauguração prevista para junho de 2019 nunca aconteceu. “Aguarda-se a conclusão dos arranjos exteriores”, foi a única explicação dada por Vicente Pinto, vice-presidente da Câmara Municipal, a este jornal, na edição de 25 de junho de 2020.

No entanto, a ideia de uma metodologia de trabalho compartilhada permaneceu na cidade e viu a pandemia potenciar o seu crescimento e ressurgimento.

DOZE é um dos espaços de coworking na cidade. Foto: Isabel Faustino

Metodologia que chegou, viu e venceu

Na Rua 20, entre as ruas 9 e 11, surge uma montra peculiar. No meio dos desenhos de Mariana Crisóstomo, destacam-se palavras como “sinergias”, “conexão”, “comunidade”. E mal se abre a porta, é exatamente isso que o ambiente do espaço Centro Criativo Vinte transparece. Os locais de trabalho individuais fundem-se num grande espaço conjunto, onde flui a conversa, a troca de ideias e os conhecimentos e onde reina a boa disposição.

O ambiente de trabalho que propicia tudo isto surgiu de uma ideia com que Carlos Pais se vinha a confrontar desde os tempos de faculdade. “Este espaço era uma ideia minha há muitos anos. Nós no curso trabalhávamos em equipa, individualmente”. “Juntávamos as mesas e cada um trabalhava no seu, mas em equipa através da troca de ideias”, explica, orgulhando-se de ver “esse ambiente aqui neste espaço”.

A sala de reuniões, o amplo espaço de trabalho, a zona de lazer e um espaço exterior promovem o que Carlos quer que seja “um espaço para as pessoas serem felizes”. “O pretexto foi criar um espaço onde as pessoas pudessem criar sinergias. Acabamos por todos ser uma equipa, apesar de termos negócios diferentes”, garante.

Reportagem completa na edição de 4 de agosto de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.