Wladislaw Kustra, o antigo atleta de voleibol polaco, que foi jogador internacional e olímpico pela sua seleção e vestiu a camisola do SC Espinho, tornou-se uma das maiores referências do voleibol dos tigres. Orlando Macedo, o antigo dirigente que o foi buscar à Polónia e Filipe Vitó, seu companheiro de equipa, traçam o perfil de Wladislaw Kustra.

Wladislaw Kustra, para muitos o Woidek, chegou a Espinho a 4 de fevereiro de 1985, depois de ter jogado pela seleção da Polónia nos Jogos Olímpicos de Moscovo, em 1980. Além de jogador, Kustra foi um treinador marcante na história do SC Espinho e exerceu as funções de engenheiro na Cotesi, empresa do Grupo Violas. Faleceu no passado dia 7 de novembro, aos 67 anos de idade, vítima de doença prolongada.

“Quando me desloquei a Varsóvia para o contratar para o SC Espinho, denotei, logo à partida, uma grande capacidade de organização, que viria higienizar o desporto em geral e, em particular, o voleibol do clube”, disse à Defesa de Espinho, Orlando Macedo, o responsável pelo voleibol dos tigres em 1985. “O Kustra trouxe uma outra visão, capacidade organizativa e uma exigência ainda maior a quem dirigia o clube”, acrescentou o antigo dirigente, sublinhando a “grande capacidade de visualizar o jogo, de congregar os atletas ao seu redor, tornando-se num atleta ímpar e um homem de eleição”. “Faço uma vénia ao exemplo e ao legado que nos deixou”.

Para Orlando Macedo, “a Polónia deu-nos um elemento deste calibre, de uma grandeza enorme e que estará sempre presente na nossa memória”. Foi Wladyslaw Kustra que, na altura, fez com que o SC Espinho vencesse um título que escapava há duas décadas.

“Tínhamos de procurar um técnico de nomeada, alguém que tivesse experiência internacional e que pudesse trazer uma mais-valia de forma a quebrar alguns métodos ancestrais, sem desprimor para todas as pessoas que haviam passado pelo clube”, contou Orlando Macedo. “Consultámos as federações da Polónia, Roménia e Rússia. Dos currículos enviados, foi o do Kustra o que sobressaiu e em boa hora ele veio”, acrescentou.

Orlando Macedo considera que Wladyslaw Kustra era uma figura com imensas características, mas destaca “a camaradagem que incutiu e o respeito que granjeou junto dos adversários. Só um atleta de exceção, como ele foi, o conseguiria fazer”, evidencia.

Por fim, Orlando Macedo considera que Kustra “era uma das referências a nível europeu na modalidade. Era um homem simples, bom e com valores difíceis de igualar que deixou uma marca no nosso clube. Na minha opinião, o SC Espinho deveria fazer-lhe uma homenagem. Ele foi uma marca de rutura com muitas coisas que não nos levariam a ter a dimensão que hoje o SC Espinho tem”, conclui.

Novos métodos e hábitos de treino

Filipe Vitó foi atleta e companheiro de equipa de Wladyslaw Kustra aos 20 anos de idade. “Os hábitos que trouxe foram novidade no voleibol nacional, pois começaram a levar as coisas mais profissionalmente”, conta o antigo internacional português, acrescentando que como treinador/jogador, “introduziu novos métodos e hábitos de treino”.

Segundo o antigo jogador da equipa de voleibol do SC Espinho, Wladyslaw Kustra “não era uma pessoa taticamente muito complicada, mas exigia que fizéssemos bem quatro ou cinco jogadas. Insistia muito na repetição até se chegar à perfeição. Por isso, contribuiu muito para a evolução da modalidade e para o SC Espinho recuperar títulos que não conseguia há duas décadas”.

Artigo completo na edição de 10 de novembro de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.