A cumprir o primeiro ano como jogador da Académica de Espinho, Renato Castanheira esteve no Mundial de San Juan, a representar a seleção de Moçambique. Aos 28 anos, o hoquista natural do Porto fala-nos sobre a carreira e conta como correu aquela que diz ter sido “uma grande experiência a nível pessoal”.

O que o trouxe para o hóquei em patins?
Eu tenho uma família hoquistas. O meu avô já foi jogador de hóquei em campo, depois passou para diretor do Futebol Clube do Porto (secção de hóquei em patins). O meu tio e o meu pai também jogaram e eu e os meus irmãos seguimos os passos deles.

Sendo que o gosto pelo hóquei em patins corre no sangue, alguma vez se sentiu pressionado devido ao apelido?
Nunca. Em primeiro lugar acho que nunca houve sequer a imposição de começar a jogar. Eu com dois ou três anos, através dos meus irmãos, com o stick e os patins, e comecei também a patinar. Acho que foi um processo natural. Relativamente ao nome, acho que não. Creio que é um nome conhecido por sermos muitos, mas acho que, por onde fomos passando, deixámos boas relações e o apelido acabou por nunca ser um motivo de pressão, mas sim uma boa referência.

E lá em casa com os irmãos? Eram muito competitivos uns com os outros?
Não, competição não digo. Tínhamos boas referências e tentávamos imitar gestos, alcançar as mesmas coisas que os outros iam alcançando.  Foi simplesmente seguir os passos dos mais velhos.

Fez a sua formação no Infante Sagres e depois no FC Porto, sendo que depois voltou ao Infante Sagres quando passou a jogar nos seniores. Como foi essa transição?
Na verdade, comecei a patinar no FC Porto. Depois, quando estava nas camadas jovens, fui para o Infante Sagres. O meu pai era treinador dos seniores, por isso foi um processo natural. Esses foram anos muito importantes na minha formação, principalmente na perspetiva das relações interpessoais, uma vez que estava num ambiente mais familiar e menos ambicioso. No entanto, também cresci muito a nível pessoal e, depois, no FC Porto, acho que foi onde dei o salto competitivo e adquiri mais objetivos e ambições.

Recuando até 2016, o Renato partiu para Itália para representar o Correggio. Como foi essa mudança?
Foi ótima. Foi das melhores experiências a nível profissional e pessoal que eu tive. Era novo, tinha 22 anos, por isso acho que foi na altura certa, porque sempre estive ciente que o hóquei nunca iria ser a única atividade na minha vida profissional e creio que estive no momento certo a desfrutar daquilo que o hóquei me poderia dar. Acabei por estar três épocas fora, duas em Itália e uma em Espanha, onde aprendi muito como jogador e, acima de tudo, trouxe amizades para a vida, ao mesmo tempo que joguei campeonatos bastante importantes, como a primeira divisão italiana e espanhola e a Taça CERS (atual Taça WSE).

Que diferenças encontra no hóquei em patins português em comparação com o espanhol e o italiano?
São campeonatos completamente distintos. Eu tenho a felicidade de ter apanhado o campeonato italiano numa fase de grande evolução, quer tática, quer física, que se reflete na qualidade da seleção italiana nos dias de hoje. Acho que em Itália foi onde me diverti mais. Como avançado, acho que lá existe mais espaço para jogar e marcar golos e uma maior liberdade criativa. Em Espanha foi onde me diverti menos, mas acho que foi onde aprendi mais taticamente e apurei algumas nuances defensivas e ofensivas.

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