Ucraniana soube que a guerra tinha começado através de um telefonema da irmã (Fotografia: Sara Ferreira)

Na madrugada de 24 de fevereiro de 2022, Nataliia Yudina soube que tinha sido lançada a primeira bomba na capital ucraniana. A viver em Kiev e com uma filha de apenas um ano, decidiu imediatamente que ficar não era opção. Uma atribulada viagem de comboio levou-a à fronteira, mas só um mês mais tarde conseguiu chegar a Portugal.

Escolheu Espinho como o seu porto seguro, garantindo que foi cá, e principalmente junto ao mar, que encontrou a tranquilidade que tanto anisava. Um testemunho na primeira pessoa de quem fugiu da guerra, trazendo consigo uma história de medo, mas também de coragem.

Nataliia Yudina tem 35 anos e uma vida já cheia de histórias e desafios, mas também de algumas conquistas e, sobretudo, muita superação. Sem imaginar, a sua vida tomou um rumo que não desejava, mas quando a sua segurança e a da filha foi posta em causa, Nataliia percebeu que só havia uma solução: fugir.

Às seis da manhã de 24 de fevereiro de 2022, Nataliia Yudina acordou com o som do seu telemóvel. Do outro lado, uma das irmãs dizia-lhe, em sobressalto, que a guerra tinha começado. Apesar de viverem em Kiev, as duas irmãs encontravam-se a alguns quilómetros de distância, por isso, Nataliia ainda não se tinha apercebido. No entanto, o relato que ouviu não deixou margem para dúvidas. Havia bombardeamentos e vários incêndios.

“Comecei a pesquisar na internet para tentar ver notícias sobre o que se estava a passar no país. Estava instalada uma confusão muito grande e havia muitas dúvidas, mas senti que o melhor era fugir dali. Achava que devia tentar sair de Kiev”, recorda a cidadã ucraniana. No entanto, à semelhança de Nataliia, centenas de pessoas tentavam o mesmo. O cenário era caótico. As principais ruas da capital estavam lotadas, mas num único sentido, o da saída.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 23 de fevereiro de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€