Fotografia: Sara Ferreira/DE

A secção de ciclismo do Grupo Desportivo A Ronda tem pedalado por gosto na sua curta, mas rica história. O diretor desportivo da secção, Nélson Rodrigues, mostra-se ambicioso em relação à época que está a começar, mas assume que a prioridade é a manutenção das boas relações pessoais com os atletas e a harmonia do grupo. André Melo e José Costa, atletas do GD Ronda, partilham a paixão e dedicação pelo ciclismo e pelo clube.

Como é que surgiu a secção de ciclismo no GD Ronda?

Nelson Rodrigues (NR): A criação da secção surgiu através do Sr. Vitorino Pereira, da freguesia de Guetim, e o seu filho, Hélder.

André Melo (AM): Neste momento, a estrutura da secção de ciclismo do GD Ronda é completamente nova, quer em termos de dirigentes quer em atletas. É como se estivéssemos a começar de raiz.

NR: Contamos com o parceiro Vítor Zakarin, que ajuda naquilo que pode e trabalha na direção do clube.

José Costa (JC): Como somos uma equipa pequenina temos todos de ajudar para fazer o melhor para alcançar os nossos objetivos.

E que objetivos são esses?

NR: Os objetivos que temos em mente, e acho que é igual para todos os atletas, é ficar sempre em primeiro em todas as provas em que participamos. Isso nem sempre é exequível, mas já foi possível este ano com uma conquista do André na primeira prova da época. Foi uma alegria e fico sempre comovido quando alcançamos estas vitórias. É a melhor coisa do mundo.

AM: Como atletas temos uma coisa a favor que é a ausência de pressão. Acima de tudo, queremos desfrutar daquilo que estamos a fazer, é assim o lema do clube. No entanto, sempre que tivermos uma prova para disputar, vamos dar o máximo pois temos um espírito competitivo muito vincado. Às vezes, as coisas não correm como queremos, até porque nem sempre é possível treinar como gostaríamos, mas em condições normais vamos dar o nosso melhor. Temos uma grande vantagem, que é sermos um grupo muito unido e espero que isto dure por muito tempo.

No desporto, não é paradoxal dizer que não existe pressão?

AM: Sou eu que coloco pressão no meu próprio desempenho. Existe uma ausência de pressão porque o nosso diretor desportivo diz que o mais importante é ninguém se aleijar. Ele diz isso porque não vivemos do ciclismo, mas do nosso trabalho. E se não trabalharmos também não podemos andar de bicicleta. Claro que ele fica contente com as nossas conquistas, mas ele não põe essa pressão, porque sabe das dificuldades. O Nélson apoiou-me muito no ano passado, quando eu passei por muitas dificuldades a nível pessoal e tive de desistir de provas por causa disso. Esse gesto marcou-me muito e estou-lhe agradecido por isso. É muito bom ter um diretor que põe o bem-estar dos atletas em primeiro lugar.

JC: O próprio presidente do clube não nos coloca pressão. É o espírito competitivo dos atletas que nos pressiona.

AM: Algo que se nota que é uma das grandes forças do clube em todas as modalidades é a união que todos sentem. Todos estamos importados com o bem-estar de cada um. Toda a gente se dá bem, como se fosse uma família, e isso acaba por dar força aos atletas.

Qual é o plano de treinos normal para os atletas?

AM: Normalmente, se não existirem condicionalismos de nenhum tipo, faço seis treinos por semana. Desses seis, cinco são no rolo, em minha casa, com auxílio do meu treinador pessoal. Para além disso, ao fim-de-semana, vou para a estrada treinar ciclismo de estrada ou BTT. No caso do BTT, se houver competição desta vertente, tem de haver um treino semanal porque é uma modalidade muito técnica, e se não treinarmos com frequência perdemos muito a parte técnica.

JC: No meu caso, não tenho treinador, mas tento sempre treinar seis dias por semana. Tal como o André, treino muitas vezes em casa, no rolo. AM: O treino que fazemos no rolo acaba por dar mais liberdade, porque é algo que demora menos tempo. Um treino na estrada demora duas horas, e no rolo apenas precisamos de uma hora. Até acaba por ser contraproducente fazermos mais do que uma hora de treino no rolo.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 23 de fevereiro de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€