Fotografia: Isabel Faustino/DE

Já lá vão seis décadas a cantar. José Raúl é o nome artístico de Raúl José que nasceu na cidade do Porto, mas que bem cedo veio para Espinho. Começou a cantar aos 14 anos, mas só aos 20 é que enveredou pela carreira profissional como cantor. Aos 81 anos de idade vai assinalar os 60 anos de carreira, com um espetáculo no próximo dia 4 de março, no Centro Multimeios.

São 81 anos de vida mas a memória não falha ao lembrar a sua história. José Raúl nasceu no Porto, mas foi criado em Vila Nova de Gaia com os meus avós. “Eles quiseram que o primeiro dos três irmãos, que era eu, fosse viver com eles”, conta lembrando que desde os 14 anos de idade adora cantar. “Cantar é um dom que nasce com uma pessoa e desde muito cedo senti dentro de mim. Esta caixa de ar e o vozeirão são um dom que Deus me deu”, prossegue o cantor.

Conhecido pelo Rafael [cantor espanhol que marcou uma geração nos anos 60] de Espinho, José Raúl começou por carolice. “Cantava canções de Alberto Ribeiro como o Adeus Lisboa e o Fado Hilário em plena rua. Era conhecido pelo Zezé”, revela o cantor que assumiu o nome artístico de José Raúl porque já existia um cantor chamado Raúl José.

“Tive uma conversa com esse cantor e dei-lhe um show a cantar, por isso ele abandonou a carreira, mas decidi manter o nome de José Raúl”, acrescenta.

O programa de rádio Cantigas da Rua acabou por dar a projeção e o impulso que José Raúl pretendia, ao ficar em segundo lugar com a canção La Novia, de Antonio Prieto. “Quem ganhou o concurso cantou o tema Kanimambo, de João Maria Tudela”, recorda José Raúl, acrescentando que “fazia parte do júri a Catarina Valério, uma das grandes vozes da rádio”.

A partir daí, José Raúl decidiu enveredar pela carreira de cantor profissional. “Vi que tinha jeito e todos me incentivaram a faze-lo”, justifica o cantor que, desde estão, percorreu as mais conceituadas salas de espetáculos do país, entre as quais o Casino de Espinho, Figueira da Foz, Póvoa de Varzim, entre muitas outras. “Frequentava o Café Mucaba e todos me pediam para cantar e dava espetáculos até às 3 horas da madrugada. Por cada autuação, em 1968, ganhava 100 escudos [50 cêntimos], que era muito dinheiro “, confidencia. Em Lisboa, José Raúl atuou no Príncipe Negro, próximo do Elevador da Glória.

“Sou daqueles cantores que sentem aquilo que estão a fazer e que dão o seu melhor”, e critica os playback vocais que se veem na televisão. “Canto e sempre cantei ao vivo, apenas com playback instrumental”, salienta recordando que há alguns anos atrás cantava com “grandes conjuntos musicais” e em Lisboa chegou a cantar com o maestro Casal Ribeiro.

Artigo completo na edição de 2 de março de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.