Não podia ter sido mais positiva a abertura do novo espaço dedicado à arte no centro comercial Alameda Spot junto ao Estádio do Dragão, na cidade do Porto. A ilustradora portuense – Rita Ribeiro Lopes – juntamente com a designer gráfica Carolina Geada “For the sake of type” viajaram pelas mais diversas áreas da cultura (cinema, música) para criar ilustrações com os animais que se encontram disponíveis para adopção na associação espinhense. Até à data, quatro dos doze conheceram o aconchego de um lar.

Ana Paula Castro está desde os primeiros momentos na “Patinhas Sem Lar” e desde então que conseguiu concretizar o sonho de tantos animais e de pessoas, o da adopção. Marcou presença na inauguração da exposição, e não escondeu o reconhecimento no trabalho da ilustradora e de como é importante dar a conhecer a associação.

Estivemos à conversa com a Rita, que se inspirou no seu cão – Joaquim (golden retriever) para dar o mote a esta mostra que estará patente até ao último dia de Março no segundo piso.

Rita, ilustração rima com adopção e coração. Este primeiro dia de Março foi como imaginaste?
– Sim, correu melhor do que alguma vez imaginei. Nem acredito que ficou tudo pronto a tempo e que veio tanta gente. É tão bom ver que as pessoas ainda se interessam por arte e apoiam causas tão relevantes como é o caso desta.

O desafio de um profissional da arte chama-se “síndrome de pânico da página em branco”. Aconteceu contigo em algum momento deste projecto?
– Claro que sim, acontece-me por vezes antes de iniciar um projecto. É o que eu chamo também de “síndrome do impostor”. Por mais que eu saiba que sou capaz, que estudei bastante para estar onde estou hoje, na hora de enfrentar o papel em branco, surge uma ansiedade e sensação de que não sei desenhar (risos!). Até que, começo a rabiscar os primeiros esboços e essa sensação acaba por desvanecer.

Rita fez questão de fazer uma visita guiada pelas suas ilustrações e responder às perguntas dos visitantes.

“…Cada pessoa tem a sua própria “arte” contributiva…”

Rita Ribeiro Lopes à Defesa de Espinho

Juntar as histórias difíceis de cães e gatos, dá-los a conhecer e contribuir para a sua adopção sentes que é uma missão especial?
– Sim, muito! Eu adoro animais e sempre quis ajudar associações e causas como estas. Quando posso, tento fazê-lo monetariamente ou estar presente em acções como bancos alimentares, mas, sempre senti que, só isso, não era o suficiente. Cada pessoa tem a sua própria “arte” contributiva, e da minha parte, a melhor forma que encontrei para ajudar foi através da minha própria arte.
Como ficaste a conhecer o projecto da “Patinhas sem Lar”?
– Fiquei a conhecer através de partilhas de posts e stories do Instagram. Mas, acho que só comecei a prestar mais atenção, depois da morte do primeiro cão.

Que sensações experimentaste ao ser protagonista na história do Alameda Spot no que toca ao Art Spot?
– Senti entusiasmo, mas ao mesmo tempo pânico e uma felicidade tremenda, por ser a minha primeira exposição e por ter sido a artista escolhida para reabrir a galeria. Por mais exposições e galerias que tenha visitado até hoje, é muito diferente fazer a nossa própria exposição. Mas graças a Deus com a ajuda de todos, no fim tudo correu maravilhosamente bem! Só tenho que agradecer à Flávia Groba e ao Alameda Spot, por terem confiado em mim.

Rita a ouvir atentamente a Ana Paula Castro e o projeto da “Patinhas sem Lar”

“…Adoro desenhar tudo o que me rodeia, principalmente pessoas…”

Rita Ribeiro Lopes à Defesa de Espinho

Vais voltar ainda no decorrer do ano com mais uma exposição. O Porto é uma fonte de inspiração?
– Sim, sem dúvida. Adoro desenhar tudo o que me rodeia, principalmente pessoas. Quando estou com algum bloqueio criativo, pego no caderno e vou desenhar para locais que estão lotados de pessoas, desde transportes públicos, cafés, nas ruas da baixa… e volto sempre para casa cheia de ideias.
O que há ainda da menina Rita que a colava ao ecrã para as histórias da Disney?
– A “menina” Rita continua presente e espero que fique para sempre. É essa criança em mim que estimula a minha imaginação e que torna a minha vida mais divertida, mais leve. E sim, ainda fico deslumbrada, como se estivesse a ver os clássicos da Disney pela primeira vez…. mas já sabendo todas as falas de cor (risos!).

Na inauguração, as crianças eram desafiadas a desenhar em três papéis dispostos na parede da galeria, e podemos confirmar que surgiram resultados engraçados.

“… Muitas vezes, quando preciso de inspiração ou transmitir alguma sensação para uma ilustração, penso em alguma cena de um filme que goste, ou alguma música que transmita essa mesma sensação e tento transportá-la para a minha arte.

A inauguração do espaço aconteceu uns minutos depois das 18h30m e contou com a presença de familiares, amigos e vários curiosos. Foi também antes da abertura da exposição, que ficámos a saber da intenção da direcção do centro comercial a partir deste mês, ser um shopping “dog friendly” onde os donos poderão passear (mediante regras) os seus amigos de quatro patas. O Art Spot possui já um calendário até dezembro. Até ao final do mês é possível adquirir t-shirts, canecas, calendários, posters das personagens como a Elsa do “Frozen” ou o incontornável Fernando Pessoa. O valor reverte na totalidade para a Associação local, cujo principal objectivo será o de liquidação de dívidas em clínicas veterinárias, do concelho mas também de Vila Nova de Gaia. Recorde-se que a “Patinhas Sem Lar” foram contempladas com um financiamento para um novo canil construído de raiz, mas que ao momento se encontra em stand by.

Calendário e bloco de notas pela designer Carolina Geada

Texto e Imagem: Francisco Azevedo