António Regedor refere que existem no concelho pessoas com "conhecimento e know-how capazes de elaborar políticas municipais para o ambiente", mas que isso não é aproveitado. Fotografia: Sara Ferreira/DE

António Regedor, ambientalista e antigo membro da Assembleia Municipal, lamenta que não exista em Espinho políticas orientadas para a organização e planeamento das zonas verdes. Para o professor universitário o combate às espécies infestantes traria um impacto económico positivo ao município.

Encontramo-nos com António Regedor, junto ao passadiço entre a Pousada da Juventude e o Complexo de Ténis de Espinho. O professor e membro de várias associações ligadas ao ambiente referiu que a rápida expansão das plantas invasoras é a principal ameaça ao ecossistema local. “Historicamente, Espinho resulta de um território agrícola, onde havia uma grande diversidade de espécies, como o sobreiro, o pinheiro, o carvalho, o castanheiro”, afirmou, constatando que, após o abandono da atividade agrícola, os terrenos estão destinados a “espécies com interesse económico, como o eucalipto”.

O antigo membro da Assembleia Municipal soma a este problema a questão das acácias e outro “fenómeno muito preocupante”, que é a erva-das-pampas, uma planta que “está em descontrolo” e sobre a qual não existia a perceção de ser “uma praga”. Olhando para um pinheiro-bravo rodeado destas plantas invasoras, Regedor constatou que o mesmo “deixou de se alimentar” e que o efeito gerado por esta espécie é que, onde nasce, “não há hipótese de crescer mais alguma coisa”.

Confrontado com este cenário, o ambientalista afirmou que “este pinheiro morreu, deixou de se alimentar”, devido às plantas invasoras à sua volta. Fotografia: Sara Ferreira/DE

Sobre a densidade da vegetação selvagem, o ambientalista lamentou a falta de limpeza e a impossibilidade de se usufruir dos espaços verdes, como o Parque da Cidade. “Supostamente dizem que isto é o parque da cidade, mas eu não arriscaria nisso porque é um mau exemplo. Alguém responsável diria que seria o ‘futuro parque da cidade’, quando ele fosse tratado”, considerou António Regedor, que mostra “dúvidas” sobre a consideração de Espinho como um concelho de turismo. “Apresenta-se como isso, mas não o é. Vive-se a olhar pelo retrovisor para o início do seculo XX, pois hoje Espinho, do ponto de vista paisagístico, é hostil para quem nos visita”, afirmou, lembrando exemplos como o parque do Buçaquinho e da Torreira e apontando para a necessidade de uma política ambiental que coloque o “combate às infestantes e a preservação das espécies arbóreas” no centro das prioridades.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 9 de março de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.