Instituições espinhenses não conseguem receber mais crianças (Fotografia: Sara Ferreira)

Decidir colocar uma criança na cresce e encontrar uma vaga disponível são atualmente tarefas complexas para muitos pais. No entanto, gerir um estabelecimento infantil, principalmente numa época caótica como a de hoje tem-se tornado numa dor de cabeça para os espaços de Espinho.

Decidir se a criança fica em casa ao cuidado dos avós ou parte para o início da sua atividade escolar na creche é, para vários pais, uma posição difícil de assumir, complexa de escolher, mas, para muitos, a única opção a tomar.

Com a idade da reforma em Portugal a fixar-se nos 66 anos, há quem não tenha a possibilidade de escolher o apoio da família e a creche é mesmo a única solução. No entanto, o tema é controverso e origina opiniões bem distintas.

Para Joana Silva, educadora de infância e proprietária da creche Imaginarte, não há margem para muitas dúvidas. “Posso dar o exemplo da pandemia. Estive em casa com as minhas duas filhas durante essa fase, estimulei-as ao máximo, mas sei ver que não é de todo igual ao trabalho que se desenvolve numa creche. As crianças precisam de socializar e interagir com crianças da mesma idade. Isso faz toda a diferença, quer nas próprias brincadeiras, nas conversas que eles têm, e até nos desafios que vão surgindo ao longo do dia”, explica.

Apesar de defender que também é possível uma estimulação da criança em casa, Joana Silva acredita que “a creche é muito importante” para o desenvolvimento nos primeiros anos de idade e afirma que hoje em dia muitos pais já têm essa noção. “Há quem tenha familiares disponíveis, mas opte pela creche porque há pais que têm consciência da importância do desenvolvimento da criança. Sabem que, por norma, quando ficam em casa, não têm outra criança para sociabilizar e está mais entre adultos”.

À frente da creche O Portugal dos Pequeninos, em Anta, Anabela Barata defende que “todo o contexto social é muito importante, logo desde tenra idade, por isso, o trabalho que é desenvolvido na creche é muito importante”, algo que é até pedido pelos pediatras. “Há pais que nos procuram, principalmente na faixa etária dos dois anos, porque há indicação médica. Às vezes pode haver um atraso na linguagem que, se calhar, já devia estar em fase de aquisição e não aconteceu. Por isso, muitos pediatras dão a indicação de que é melhor ingressar no ambiente de creche para desenvolver determinadas competências nas crianças”.

Para Alexandra Morais, diretora técnica do Centro Infantil da Santa Casa da Misericórdia de Espinho a melhor solução está no equilíbrio. “Acho que as duas opções se complementam porque a família também é muito importante nestas idades. Acho que podemos dizer que deve haver um trabalho em parceria, mas a verdade é que os avós estão cada vez menos disponíveis porque trabalham cada vez até mais tarde”, alerta.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 16 de março de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€