Vítor Sá: “Fiz muitos sacrifícios ao longo de muitos anos, sempre com a ideia de que um dia iria conseguir colher os frutos do boxe”

Foto: Francisco Azevedo

Veio de França para Paramos e tornou-se numa das maiores figuras do boxe português. Vítor Sá iniciou a carreira no Ermesinde e representou as cores do SC Espinho e FC Porto. Foi oito vezes campeão nacional, conquistou sete Taças de Portugal, alcançou dois títulos mundiais e um título ibérico. Foi dragão de ouro e, atualmente, faz a segurança pessoal a Jorge Nuno Pinto da Costa. O pugilista assume que foi o boxe que lhe deu muito daquilo que hoje tem e que o preparou para enfrentar os desafios da vida.

Qual foi o primeiro passo que deu no desporto?
Nasci em França e, naquele país, o desporto está presente nas escolas desde muito cedo. Isso contribui para que desde muito novas, as crianças desenvolvam capacidades desportivas. Comecei por praticar rugby, em França. Vim para Portugal com 13 anos e queria continuar a praticar a modalidade. Mas em Espinho não havia e, por isso, fui jogar futebol para o SC de Espinho. Mas senti que não era bem esse desporto que queria praticar. Andei lá durante uns dois anos, com jogadores como o Rui Ferreira e o Pedro Silva. Entretanto, comecei a treinar kickboxing às escondidas do meu pai porque sabia que não iria gostar que chegasse a casa todo pisado.

E o boxe, como é que surge?
Fui experimentar, gostei e comecei a treinar para entrar em competição. O boxe acabou por ser uma terapia, um escape e um antistress para aliviar a angústia e a dor que senti com a morte do meu pai, que faleceu no dia em que fazia 45 anos, numa altura em que eu tinha 22 anos. A minha mãe tinha 40 anos e o meu irmão tinha 16. O meu pai tinha dois negócios e tive de ser pai, mãe, marido e irmão da minha família.
Muitas pessoas, quando se deparam com este tipo de dificuldades, refugiam-se no álcool ou na droga. A minha droga acabou por ser o desporto, nomeadamente o boxe.

Como foi o início nessa modalidade?
Conheci o treinador Rafael Pinto que me levou para o Ermesinde em 1996. No primeiro ano, fui campeão nacional amador, campeão nacional consagrado e ganhei a Taça de Portugal na categoria de 75 kg. Depois, comecei a levar comigo um amigo, o Pedro Resende que também acabou por ser campeão nacional nos 71 kg. O FC Porto acabou por me convidar para ir para lá. Aceitei com a condição de levar o meu treinador. Fui oito vezes campeão nacional amador.
Foi nessa altura que conheci o Reinaldo Teles e o presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, que tinha sido o vice-presidente para a secção no clube. Acabámos por ter sempre uma ligação muito boa porque eram duas pessoas que adoravam o boxe. O Reinaldo Teles e o presidente acompanharam-me imensas vezes. Além dos títulos nacionais que alcancei pelo FC Porto, fui campeão ibérico.

Em que altura decidiu enveredar pelo boxe profissional?
Houve um campeonato nacional amador em que não tive adversários. Sempre treinei bastante e no duro, mas queria ter oponentes. Por isso, decidi enveredar pela carreira de profissional e tive de deixar o FC Porto. Fi-lo sempre com bastante receio porque as coisas poderiam não correr bem. No entanto, achei que não teria nada a perder e dediquei-me, com afinco, ao boxe representando o SC de Espinho.

Artigo completo na edição de 23 de março de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.