Mulheres do Mar

Neste mês de março, tal como acontece oficialmente desde 1975, tivemos a celebração do Dia Internacional da Mulher. Apensar em Espinho, cidade plantada à beira-mar e por ele inspirada, decidi, dar voz às “Mulheres do Mar”. Também porque mar tem sido uma prioridade nos
discursos e agendas mundiais.
O estado do mar é preocupante em termos ambientais, mas também económicos. Sendo mar, o oceano, um bem comum, todos temos de o proteger e refletir enquanto consumidores responsáveis pelo seu mau estado.

Todos os homens e mulheres são embaixadores e guardiões dele. Então, qual o papel e ligação das mulheres neste contexto? Debrucei-me sobre um projeto interessantíssimo, intitulado Mulheres do Mar e, sobre ele, recolhi informações pertinentes que partilho com os leitores. Trata-se de um projeto liderado por quatro mulheres que procuram alertar para a importância de proteger o oceano: uma bióloga marinha, uma oceanógrafa, uma empreendedora que criou uma marca de calçado com base em lixo marinho e uma comunicadora juntaram-se, tendo algo em comum. Um imenso amor pelo mar.

Começaram por ser quatro, de pois 400 e agora já vão em 470. O projeto Mulheres do Mar irá contar com um documentário, uma série, um site e uma campanha de comunicação. Estou ansiosa de ver acontecer, neste ano de 2023, a concretização deste projeto iniciado em fevereiro de 2021 e para o qual chamo a vossa atenção. As suas mentoras pretendem salientar a diversidade em termos de profissões, mas também sobre a relação das mulheres com o mar.
Assim, dão enfoque à relação emocional de algumas mulheres com o mar. Consideram que são elas as melhores porta-vozes para passar uma mensagem de sustentabilidade e de cuidar do oceano. “Quem ama cuida e quem cuida ama”, e não é isso que as mulheres fazem? A relação particular do mar com as mulheres, para além da questão de género, tem que ver com o cuidar. Sabemos que as mulheres são cuidadoras especiais, no seu papel social: cuidar das pessoas e, neste caso, de um bem comum – o nosso mar!

Também são as mulheres as guardiãs do património e as que têm a melhor perceção da continuidade histórica – a ancestralidade feminina! Há mesmo algo de comum entre a dinâmica do mar e a dinâmica feminina. Prova disso é constatamos que, em termos de liderança, há muitas mulheres presidentes de associações pela sustentabilidade dos oceanos. Promover as mulheres ligadas ao mar é, na verdade, promover a igualdade de género num meio em que não existia e a merecer um trabalho intenso sobre as questões do género. Bem sabemos que a ligação das mulheres ao mar esteve sempre remetida para segundo plano em termos de visibilidade.

Tende-se sempre a falar sobre o que os homens fizeram ou fazem no mar, mas as mulheres sempre estiveram presentes, dando apoio às atividades relacionadas com ele. Elas não participavam no trabalho no mar: vendiam em terra o peixe, nas peixarias, na lota e pelas ruas seguiam as vareiras com os famosos pregões: “É do nosso mari… É d’Espinho viva…” Assim, este projeto tem como objetivo dar visibilidade ao património do papel das mulheres e a sua ligação com o mar. Pelas entrevistas, ficaremos a saber que o mar esteve sempre presente nas suas vidas e faz parte da sua essência como refere uma das mentoras.

Vamos estar atentos à sua apresentação e seguramente encontraremos muitos testemunhos que tocarão profundamente a nossa alma.

Termino com um VIVA às mulheres do Mar, do Mar de Espinho!

Arcelina Santiago

Professora