Maria Celeste (à direita) conta com a ajuda da filha para servir os clientes (Fotografia: Isabel Faustino)

Quase a soprar as velas do centenário, marco que se assinala a 14 de maio, a Adega Loureiro, em Silvalde, vai resistindo aos tempos atuais, mas a hora do adeus já se aproxima. Após 60 anos de serviço, a família que hoje está à frente do negócio e que deu continuidade à casa do passado, não esconde a vontade de encerrar.

Longe vai o tempo em que a casa se enchia. Na intensidade dos dias, perto da hora das refeições, o fogão trabalhava de forma quase ininterrupta, tanta era a vontade de provar um petisco, sempre acompanhado pelo tradicional copo de vinho. Hoje, a realidade é bem diferente e a azáfama deu lugar ao silêncio.

Atrás do balcão, encontramos Maria Celeste Carvalho, de 90 anos. Sentada na sua cadeira, olha para a televisão, enquanto espera o passar do tempo. Os clientes são poucos, as mesas estão vazias e não há muito que fazer. Está ao serviço há 60 anos, mas, tal como conta à Defesa de Espinho, está na hora de parar. Maria Celeste viveu sempre em Silvalde, juntamente com os pais, até à altura em que casou. Foi o marido, atualmente já falecido, que deu o passo em frente para o início do negócio. “Antigamente ele era estampador, mas uns rapazes convidaram-no para ele ir trabalhar para o Brasil. Esteve lá durante três anos, até que decidiu vir embora”, recorda Maria Celeste, na época ainda solteira e habituada a trabalhar nos campos.

“O meu marido tomou a decisão de voltar para a terra dele, mas queria tomar conta de um negócio. Na época, esta casa passava-se e, como ele era daqui de Silvalde, ficou com ela. A proprietária alugou o espaço e ele começou o negócio dele, apesar de anteriormente já funcionar como mercearia”, explica a silvaldense, recordando a antiguidade do local.

Artigo disponível, na íntegra, na edição de 4 de maio de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€