Complexo Habitacional da Ponte de Anta: Perigo de derrocada de fachadas e problemas com infiltrações

Foto: Isabel Faustino

Os moradores de alguns dos blocos do Complexo Habitacional da Ponte de Anta estão muito preocupados com o elevado estado de degradação do interior e do exterior dos edifícios. Após terem sido anunciadas obras e um investimento de cerca de cinco milhões de euros no Bloco F, propriedade do Município de Espinho, os moradores de outros blocos denunciam o “total desinteresse” por parte de alguns proprietários e, sobretudo, do maior dos proprietários, o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).

Os moradores mostram-se preocupados com a possível derrocada de algumas estruturas exteriores nos seus prédios, nomeadamente nos blocos I, J e O do complexo de habitação social conhecido por Bairro da Ponte de Anta. As paredes exteriores, nomeadamente nas fachadas dos edifícios, têm blocos de cimento a cair e são visíveis as inúmeras fissuras que, em muitos casos, provocam intensas e constantes infiltrações nas habitações.

Dizem os moradores, a maioria inquilinos do IHRU, que o proprietário, a administração do condomínio e até o Município de Espinho, têm conhecimento da situação e que não lhes é permitido fazer qualquer tipo de obra no exterior de forma a poderem evitar a entrada de água e humidade suas casas. Há quem fale, também, em outras questões de segurança e de saúde pública, nomeadamente na existência de cobertura dos edifícios em fibrocimento e na inexistência de tampas nas caixas que protegem os contadores do gás natural.

Inundações, ferrugem à superfície das vigas, rachadelas nas paredes e bolor, são muitas das situações que se podem observar em qualquer dos edifícios e que afetam largas dezenas de famílias.

“Parece o cenário que vemos nos edifícios em países onde há guerra. Há buracos que parecem ter sito feitos pelas balas”, conta uma das testemunhas, uma cidadã que reside na Suíça, Alice Strub e que veio visitar a mãe que mora no Bairro da Ponte de Anta. “Estou muito preocupada com esta situação”, diz a cidadã, lançando um desesperado apelo às várias entidades, nomeadamente ao IHRU, Câmara Municipal e ao Governo para que olhem para este caso.

“Parece-me que há aqui um jogo de ping-pong, onde as várias entidades remetem umas para as outras as responsabilidades”, afirma Alice Strub, que considera que “quando houver efetivamente uma derrocada, então teremos todos estes protagonistas na frente das câmaras de televisão a prometerem mundos e fundos”.

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