(Fotografia: Sara Ferreira)

Apesar de Espinho ser uma cidade de mar, vários jovens conseguiram aquilo que para muitos seria impensável e até estranho. Em 1996, criaram o Núcleo de Montana de Espinho, escalando um percurso de muitos altos e baixos.

Atualmente com mais de 300 sócios, a associação, feita de voluntários, não pretende crescer mais, mas prepara, já para junho, o GoingUp – Espinho Climbing Festival que vai colocar Espinho na rota da escalada.

Com mais de 300 sócios, o Núcleo de Montanha de Espinho é hoje uma associação com 26 anos, onde a escalada, o montanhismo, o ciclismo e o trail running assumem o papel principal. No entanto, quando nasceu, não passava de uma consequência enérgica de uma vontade que um grupo de jovens de Espinho tinha em fazer acontecer.

João Graça é um dos fundadores do núcleo e ainda hoje se mantém no comando, apesar de ter passado o testemunho da responsabilidade a Eva Antunes, atual presidente da associação. Tal como recorda, quase todos os sócios fundadores vinham dos escuteiros, munidos de muitas experiências, alguma sabedoria, mas com a vontade de arriscar mais. “Houve uma altura em que nos apercebemos que queríamos investir mais na componente desportiva ou de montanhismo. Éramos todos miúdos e queríamos comprar uma corda, mas, naquele tempo, nem havia à venda em Portugal. A única forma de podermos escalar e de arranjar material era juntando um grupo e cada um colaborar na compra da tal corda. E foi a partir daí que surgiu a ideia de criar um clube”, explica João Graça.

Cerca de dois anos depois, a ideia formalizou-se. O grupo começou a realizar formações de escalada, algo que fez aparecer mais sócios. “Nos primeiros anos era tudo novidade. Abrir um clube de montanhismo em Espinho foi o equivalente a abrir um clube de surf na Guarda. Pode ter parecido estranho, mas foi apenas para quem estava fora do meio. A escalada é um desporto iminentemente urbano, desenvolve-se nos grandes centros urbanos e, na altura, isto já acontecia na Europa”, explica o fundador, não escondendo que “os primeiros anos foram uma maluqueira total”, sobretudo por se tratar de um grupo muito jovem.

“No início, começamos a escalar na Serra da Freita e no Gerês porque eram os locais mais perto. Mais tarde, outros jovens vieram para o clube, também provenientes dos escuteiros, numa fase em que houve alguma dinâmica porque coincidiu com o momento em que se instalou uma parede de escalada no antigo espaço da Tourada”, anos mais tarde transferida para a Nave Polivalente de Espinho, onde hoje se situa a sede e os treinos do núcleo.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 18 de maio de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€