Em parte graças à chegada dos emigrantes, o mês de agosto costuma trazer mais clientela para a feira semanal de Espinho. Contudo, a tradição já não é o que era e o cenário tem piorado significativamente desde a pandemia.
Agosto é sinónimo de férias, descanso e de reencontros com familiares e amigos que o dia-a-dia laboral torna mais difícil. Como cantava, em tempos, Dino Meira, um ilustre espinhense, agosto é um mês ‘querido’ para muitos portugueses que vivem no estrangeiro e que, por norma, estão ‘de regresso ao paraíso’ nesta altura do ano.
A chegada de emigrantes ao país significa que o oitavo mês do ano terá um significado diferente para outros portugueses, nomeadamente, aqueles que fazem parte da feira semanal de Espinho. Para eles, agosto é um mês de oportunidades sem igual, o pico do verão é a altura de lucrar com as compras que emigrantes e turistas possam vir a fazer.
Apesar da vitalidade do negócio variar de área para área, existe a sensação de que emigrantes e turistas já foram mais ‘generosos’, que surgiu uma ‘timidez’ do consumidor, ou da carteira, e que a arte de comprar produtos na feira foi substituída pela arte de passear.
Em muitas bancas, vários comerciantes sentem que a feira semanal de Espinho deve ter mudado de local para alguma cidade no hemisfério sul, tendo em conta que o calor das grandes e fartas vendas de verão não chegou, nem tem chegado, sendo substituído pela frieza da curiosidade ‘inofensiva’ de compradores que não chegam a ser.
A razão para esta mudança de paradigma para algumas bancas da feira, excluindo, possivelmente, as bancas de venda de produtos alimentares, parece ser óbvia para boa parte dos comerciantes: Quebra do poder de compra, associada à inflação e à pandemia.
Artigo disponível, na íntegra, na edição de 3 de agosto de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€