Glória Rocha (à direita) preside à Universidade Sénior há 22 anos. Fotografia: Francisco Azevedo/DE

A Universidade Sénior de Espinho assinala, no próximo dia 24 de novembro, 25 anos de atividade. Um quarto de século de vivências, partilha e aquisição de conhecimento, mas também de serviço social e humano. Uma “janela aberta” para a comunidade, que comprova que o saber não ocupa lugar nem idade.

Duas salas na Escola n.º 2 de Espinho acolheram o arranque da atividade da Universidade Sénior (USE), em 1997. Seguiram-se uma passagem pelo edifício dos Bombeiros Voluntários de Espinho e a ocupação de um prédio antigo, na rua 14, em regime de comodato. “O edifício aparentava estar a desmoronar-se, mas foi de muita utilidade para quem carecia de espaço para mais atividades”, recorda a atual presidente da instituição, Glória Rocha. “A cozinha foi convertida em secretaria. E ainda se aproveitou uma salinha de estar e disponibilizou-se computadores. Havia uma sala de pintura sem vidros, mas conseguimos solucionar isso e muito mais. Fomos visitados por outras universidades seniores, una delas de Guimarães, que manifestaram admiração pela nossa grandeza naquelas condições”, descreve a responsável.

A USE voltou a mudar de instalações, ocupando a antiga Biblioteca Municipal, na Rua 32, que tinha transitado para o salão nobre da Piscina Solário Atlântico. “Fizemos obras em todos os lugares por onde passamos. Fizemos obras à nossa conta. Nas atuais instalações, onde era a Escola n.º 1 de Espinho, a Câmara Municipal cede-nos o espaço e paga-nos a água e a luz. Sem isso não podíamos aguentar. Mas, claro, qualquer reparação é da nossa conta”.

Glória Rocha preside há 22 anos à USE, cuja primeira presidência foi assumida por António Prata, enquanto Francisco Azevedo Brandão lecionava Cultura Geral e outros professores voluntariavam-se noutras disciplinas. “A Dr.ª Maria de Lurdes Pinto Correia deu aulas de Cultura Inglesa, organizou eventos de chá e scones e coordenou o grupo coral. A professora Maria Luísa também faz questão de colocar a USE nos píncaros e sempre muito dedicada”, aponta Glória Rocha.

Mas não foi por via do ensino que emergiu o projeto da Universidade Sénior. Foi na sequência de um estágio de geriatria que estava a ser cumprido em 97, no Centro de Saúde de Espinho, por quatro enfermeiras, no qual foi apresentado um projeto a Alberto Pinto Hespanhol, vocacionado para os idosos do concelho que não tinham cultura e viviam isolados. “O Dr. Alberto Hespanhol acolheu o projeto e disponibilizou instalações para fazermos toda a organização, com reuniões e inscrições”.

O médico e professor universitário continua, 25 anos depois, associado à USE, como presidente da Assembleia Geral. Por esse motivo, Glória Rocha, enaltece o contributo de Alberto Hespanhol, considerando que “foi fundamental para a criação” da associação. “Tem-nos dado sempre ânimo para se continuar o projeto, principalmente nos momentos de maior dificuldade. Disse que, tendo pertencido a várias associações, agradava-lhe o facto de apresentarmos as contas muito certas e visíveis e que conseguíamos fazer muito com o pouco que tínhamos e como fazemos hoje”.

A instituição foi registada oficialmente em 22 de outubro de 1997, mas a atividade arrancou apenas a 24 de novembro desse ano. Glória Rocha recorda esse período e a conferência “excecional” que marcou o início dos trabalhos, assim como a receção que foram alvo na Câmara Municipal de Espinho, antes mesmo da formalização jurídica. “Foi-nos oferecido um ‘Porto d’Honra’ numa cerimónia com muita assistência. Preparamos tudo para a abertura do nosso primeiro ano letivo. Foi a realização de um projeto social e cultural que nos encheu de satisfação e orgulho”.

Artigo disponível, na íntegra, na edição de 17 de novembro de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€