Com o ano letivo prestes a terminar, fomos conhecer quem continua, para lá das aulas, a percorrer os corredores das escolas. Três professores, no ativo, explicam o que os levou a abraçar a profissão, relatam os desafios do dia-a-dia e explicam, entre outras curiosidades, técnicas de aprendizagem para crianças e jovens. Já aposentada, Hermínia Lima, professora de português ao longo de 40 anos, partilha experiências e garante que, quem passa pelo papel de professor, jamais se desliga da educação.

Michele Nogueira tem 46 anos, uma voz doce e uma postura de jovem descontraída. É de Aveiro, mas é em Espinho, na Escola Secundária Manuel Laranjeira que, todos os dias da semana, faz aquilo que mais gosta: ser professora.

Escolheu a nossa língua para estudar e, mais tarde, ensinar. No início da carreira, há 24 anos, lecionava português e francês, mas, como teve que optar por uma disciplina, venceu a língua de Camões. Encara o trabalho como uma maratona. Fazer a viagem de Aveiro para Espinho requer sacrifícios e faz questão de transmitir essa dificuldade a quem todos os dias se senta à sua frente. “Os alunos são a minha principal motivação. Se não fosse isso eu não daria aulas e digo-lhes sempre isso. Eu venho de Aveiro todos os dias, tenho dois filhos pequenos e levanto-me muito cedo. É extremamente desafiante. Vou de carro todos os dias até à estação, depois apanho o comboio e vou a pé da estação de Espinho até à escola. É uma maratona todos os dias”, que não termina depois do toque de saída. “Quando chego a casa ainda tenho de cuidar dos filhos e de fazer a preparação das aulas. É uma vida dura, mas são os alunos que me dão força todos os dias”, confessa.

Quando decidiu ser professora, não teve na família um grande apoio. Os pais, ambos professores, não queriam a mesma vida para a filha, mas Michele, que cresceu rodeada de livros e de outras crianças, não conseguiu fugir a esse destino. Ser professor já não é o que era, ouve-se essa frase muitas vezes. Michele tem essa noção, mas acredita que continua a ser uma das profissões mais importantes na sociedade. “Gosto muito do que faço e até hoje nunca me arrependi da escolha que fiz. Na altura, os meus pais não estavam muito favoráveis. O meu irmão disse-me que eu podia fazer outra coisa melhor, mas todos os dias confirmo que foi a melhor opção que podia ter feito. Não é fácil. É desafiante e é preciso ser um apaixonado por isto. Há muito trabalho na escola, mas há o dobro do trabalho em casa”, faz questão de referir.

Reportagem completa na edição de 1 de julho de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por Dentro por apenas 30€.