É um dos setores mais afetados desde que se começou a falar da pandemia. Devido à gravidade da situação, os restaurantes aprenderam a trabalhar de uma nova forma, mas os meses têm sido duros, principalmente agora que, devido ao estado de emergência, são obrigados a fechar mais cedo.
Espinho é uma cidade repleta de restaurantes. Por aqui, também se sente os efeitos que o vírus provocou, os estabelecimentos estão praticamente vazios e as dificuldades no negócio não são recentes. Carlos Gomes, proprietário do restaurante ‘Maragato’, confessa que “o momento atual é muito complicado.” Devido ao confinamento passado, altura em que foi declarado o primeiro estado de emergência, o espaço esteve fechado do dia 15 de março até 20 de maio. “Estas regras que implementaram agora só vieram trazer mais dificuldades. Se fosse a primeira vez que isto acontecesse, nós passávamos esta fase de uma forma mais fácil, mas a verdade é que já fomos sujeitos a muitas medidas”, alerta Carlos Gomes.
A lutar contra a “onda de dificuldades”, este proprietário confessa que a sobrevivência depende do que foi faturado no passado. “Estamos a sobreviver com o dinheiro que vamos tendo guardado. Nós não conseguimos faturar para ter as portas abertas, por isso, vamos vivendo com o que temos guardado.”
Apesar de estar no mundo da restauração, Carlos Gomes sabe que o problema não está apenas neste setor. “Restauração, hotelaria, lojas que não vendam bens de primeira necessidade, como sapatarias ou cabeleireiros, também estão numa fase muito difícil porque as pessoas estão a desistir de ir.”
Como a maioria dos seus clientes são de fora da cidade, Carlos Gomes admite que a proibição de circular entre concelhos foi mais uma medida difícil a juntar a tantas outras, o que se refletiu no negócio. “A nossa quebra de faturação está na ordem dos 70% ou 80% desde outubro, principalmente desde que impediram as pessoas de saírem do concelho. Como nós vivemos muito com clientes de fora, sentimos logo uma quebra e começou a ser drástico a partir de 15 de outubro”, conta o dono do ‘Maragato’, confessando que “antes desta fase, a quebra andava à volta dos 30% ou 40%, dependendo do mês de trabalho.”
Com a mesma certeza de que os últimos tempos têm sido duros, Bruna Lopes, proprietária do restaurante ‘A Casa da Mãe Joana’ diz que as pessoas não estão a ir aos restaurantes e “estão assustadas”.
Sobre as mais recentes medidas impostas pelo governo português, Bruna Lopes diz não as compreender. “Não faz sentido aconselharem as pessoas a ficar em casa quando nos obrigaram a adotar medidas de prevenção para que fosse, supostamente, seguro vir aos restaurantes. É incoerente exigirem que adotemos medidas como a redução da lotação dos espaços, a constante desinfeção de mesas ou casas de banho, de forma a tornarmos os nossos espaços seguros para que as pessoas os possam frequentar, e depois nos impedirem de trabalhar.”
Para a proprietária deste espaço, “os restaurantes são sítios de fácil controlo, muito mais do que a casa das pessoas, onde há maiores ajuntamentos.” Já que estes espaços estão obrigados a cumprir todas as medidas de prevenção, a mulher que está à frente da ‘Casa da Mãe Joana’ acredita que “faria todo o sentido que o governo apelasse a que as pessoas fossem aos restaurantes, pois são lugares seguros. No entanto, não é isso que está a acontecer.” Bruna Lopes afirma que “o setor da restauração e o do comércio local estão a ser brutalmente descriminados”, já que foram os estabelecimentos mais sujeitos às mudanças.
Tanto Carlos Gomes como Bruna Lopes temem o futuro dos seus espaços e esperam que a situação melhore. Para o proprietário do restaurante ‘Maragato’ ainda existe “a agravante das obras que decorrem na cidade”, esperando que estas sejam feitas “o mais rápido possível.” Já Bruna Lopes, defende que “os apoios são escassos”, “não são proporcionais à carga de impostos de todos os anos, o que tem que ser revisto, uma vez que “deveria haver um adiamento ou suspensão dos pagamentos de impostos para quem sempre os pagou”.