Literatura. Maria La-Salete Sá, de 68 anos, tem três livros publicados, além de participação em cerca de dezena e meia de antologias poéticas.” Foi professora do primeiro ciclo e agora está aposentada, “embora haja duas áreas que também me seduziram (e ainda seduzem): jornalismo e filosofia, mas nunca como primeira opção“.
“Corrupio de Palavras” revelou a poetisa, ou expôs as vivências de uma professora do primeiro ciclo de ensino?
“Corrupio de Palavras” revelou a faceta da criança que também sou, aquela que continua a brincar ao “faz de conta”, a acreditar em fadas e duendes, a partilhar ingenuidades e a fazer-se alegria. Posso dizer que expôs as vivências da professora-aluna, pois que ser professora é também ser aluna, ser criança a aprender com os alunos.
Há uma tendência pessoal para escrever livros de poesia para crianças, e outras motivações e circunstâncias para partilhar poesia com adultos? Como acontece no grupo de Poesia em Folhas de Chá…
A poesia para crianças veio depois de outros tipos de escrita, tanto em prosa como em verso. A verdade é que comecei a “rabiscar” alguns poemas a partir da minha adolescência (15/16 anos), influenciada pelos poetas que faziam parte dos programas de Português, enquanto estudante, e nessas seletas literárias não entrava poesia infantil. Mas ia escrevendo poemas e outros textos soltos, a maior parte deles focando e enfatizando os problemas sociais, alguns publicados em jornais dos colégios da Bonança e Trancoso, em Gaia, da Escola do Magistério do Porto e em dois regionais. E a partir do que, ao longo da vida, fui escrevendo veio a motivação de partilhar, até porque penso que é meu dever partilhar o que de bom a vida me dá, me ensina, me proporciona.
Há um livro na forja? Tem outros projetos literários, culturais e/ou sociais em perspetiva?
De momento há dois livros na forja, mais um de poesia para crianças e um outro, também de poesia, para público mais alargado. Além destes, pretendo levar a cabo dois projetos diferentes, um em jeito de fábula, outro, abordando a viagem de uma menina, a Sara, ao mundo das fadas. Serão ambos direcionados a um público infanto-juvenil.
Quando é que “descobriu” a poesia? Ou foi a poesia que a arrebatou?
Penso que “descobri” a poesia já durante o ensino primário. Gostava muito de “cantar” os poemas dos meus livros de leitura, chegando a utilizar alguns termos metafóricos nas redações escolares da quarta classe. Depois, como disse, no colégio é que comecei realmente a escrever, aí é que a poesia me arrebatou.
A poesia é sedução, ou é um corrupio de palavras, sentimentos, emoções, estados de alma e, sobretudo, inspiração?
A poesia é tudo isso! Tudo isso e muito mais. A poesia é o bálsamo na dor, o grito do amor, o alívio da alma. A poesia é, em suma, a essência da vida.