Cobrança está suspensa, mas parquímetros continuam a funcionar

Desde o início de fevereiro que, em Espinho, está interrompida a cobrança nos parquímetros. Esta medida, da Câmara Municipal, começou devido ao confinamento do país e ainda hoje se encontra em vigor. No entanto, muitas pessoas desconhecem a situação e continuam a fazer pagamentos, uma vez que a ESSE, empresa concessionária, mantém os equipamentos a funcionar.

A decisão chegou poucos dias depois de Portugal ter iniciado o segundo confinamento. Na sua página na internet, a Câmara Municipal de Espinho dava conta de que o pagamento dos parquímetros relativos à concessionária que opera na cidade, a ESSE, estava, temporariamente, suspenso devido a esta nova condição do país.

A medida entrou em vigor há mais de um mês, mais precisamente a 1 de fevereiro e, apesar de ter sido divulgada, também, nas redes sociais do município, vários espinhenses, ainda hoje, desconhecem a mudança temporária. “Nesta fase, como não saio tantas vezes de casa, não preciso de estacionar o carro, mas já tive que ir, algumas vezes, a certos locais de Espinho e paguei a moeda como o costume. Não fazia a mínima ideia que agora não se pagava. Não tenho hábito de andar na internet, por isso, não sabia desta medida”, conta Rosa Santos, confessando alguma admiração por já não ser necessário, nesta fase, pagar o estacionamento.

Várias pessoas, no último mês, acabaram por fazer o mesmo que Rosa. Estacionaram o automóvel e colocaram a moeda de acordo com o tempo pretendido, tudo porque os parquímetros continuam ligados, como sempre estiveram, recebem o pagamento efetuado e apresentam o talão. Ou seja, continuam a funcionar normalmente e junto dos aparelhos não existe qualquer aviso da suspensão da cobrança.

Cristina Melo sabia da decisão. Trabalha na cidade e tinha consciência da mudança, mas confessa que começou a pensar mais na questão quando alguns clientes lhe diziam que tinham colocado a moeda no aparelho quando precisavam de parar o veículo. Por isso, decidiu fazer o teste. No dia 10 de fevereiro, colocou 20 cêntimos no parquímetro e rapidamente percebeu que a moeda não foi devolvida e o talão saiu, como de costume. “No meu trabalho, vários clientes manifestaram descontentamento por, em Espinho, se pagar parquímetros e como eu sabia que não se pagava, porque resido na cidade, fui confirmar e constatei que, efetivamente, as máquinas continuavam a cobrar dinheiro sem qualquer aviso no local”, explica Cristina Melo.

“Tenho assistido, nas redes sociais, a vários comentários de pessoas amigas pelo facto de as máquinas estarem a receber dinheiro, apesar de não o poderem fazer, recebendo-o, assim, de forma duvidosa”, explica a cidadã espinhense. Por este motivo, Cristina Melo voltou a repetir o teste na tarde do passado dia 4 de março. Voltou a colocar 20 cêntimos e o parquímetro aceitou a cobrança. Desta vez, já tinha começado o mês de março e, por decisão da Câmara Municipal, a interrupção do pagamento prolongou-se por mais 15 dias. Ou seja, atualmente continua suspenso, mas mesmo com esta segunda suspensão, as cobranças têm sido efetuadas pelos aparelhos.

Perante as queixas, a Viver Espinho – Associação Empresarial de Espinho, chegou a dar conta da situação, no passado dia 10 de fevereiro, quer na sua página de Facebook, quer num email que encaminhou para as autoridades competentes, da qual se inclui a ESSE. Face ao “recebimento indevido da empresa concessionária”, a Viver Espinho explicou que “não se visualizava nos parquímetros qualquer informação de que o pagamento não se faz”. Por isso, no dia 5 de março, na página de Facebook, voltou a referir o tema, alertando que, também a app da concessionária, estava em normal funcionamento e, por isso, a efetuar as cobranças para quem desconhecia a suspensão.

Segundo o esclarecimento da Câmara Municipal, “o município de Espinho informou por via da página oficial na internet e redes sociais que o pagamento do estacionamento à superfície estava suspenso durante o Estado de Emergência, sendo este facto noticiado pelos meios de comunicação social local e regional.” Além disso, “solicitou, em devido tempo, à empresa concessionária de estacionamento a colocação de avisos nos parquímetros a informar que o pagamento estava isento.”

Perante a situação, a Defesa de Espinho tentou contactar a ESSE, a concessionária responsável, mas, até ao fecho desta edição, não conseguiu obter esclarecimentos.