Sandro Correia tem hoje 51 anos e vive no Brasil. No passado, foi um dos mais destacados atletas de voleibol do Sporting Clube de Espinho, a sua casa ao longo de 14 anos. Arrecadou vários títulos, colecionou vitórias e foi, em 2001, campeão da ‘Top Teams Cup’, um feito que quase se repetia no ano seguinte.
Deu os primeiros toques na bola ainda na sua cidade de origem, a Barra do Itapemirim, mas foi através da ilha da Madeira que entrou em Portugal. Depois de vários anos a jogar em Espinho, abraçou a experiência de treinador no Sporting, mas a pandemia levou-o de volta ao Brasil. Por cá, são os filhos que lhe provocam a maior saudade.
O Sandro é natural do Brasil. A infância já foi passada com a bola de voleibol na mão?
Vivi com os meus pais até aos 14 anos. A minha geração foi muito privilegiada em relação à infância, não passamos por qualquer tipo de pandemia ou outra situação que prejudicasse o nosso crescimento. Na época, as famílias eram muito grandes, a minha avó teve nove filhos e nós eramos 60 primos. Foi uma infância muito passada na rua a jogar à bola, voleibol, a fazer brincadeiras na praia. Foram tempos muito livres, o que é muito diferente da geração de hoje. Tenho três filhos e já pertencem a uma geração mais trancada em casa.
Como é que o voleibol ganha destaque no meio de todas as brincadeiras?
Começou tudo quando, aos 15 anos, fui viver para São Paulo para jogar como atleta, contratado por uma equipa. Na minha família, ninguém fazia desporto, o que é engraçado. O meu pai era um bom pescador, gostava de nadar e mergulhar, mas era a sua única atividade física. Os meus irmãos não fizeram desporto de forma regular e a minha irmã mais nova, uma versão antagónica minha, até correr para apanhar o autocarro é um sacrifício. No entanto, o voleibol começa por influência de um professor que incentivava muito o desporto. Acabei por escolher o voleibol por acaso, pois, aos 12 anos, a minha paixão era o basquetebol. Um professor acabou por me levar para São Paulo e apenas com dez meses de voleibol, fui convocado para a seleção brasileira.
Apaixonou-se logo pela modalidade?
Sim, mas mais tarde percebi que não tinha tido a base como, por exemplo, existe em Espinho. Para mim, Espinho é a capital do voleibol português, com todas as suas escolas. Quem conhece a história do voleibol português, vê que tudo nasce em volta de Espinho. Sempre houve dois ou três espinhenses como dirigentes desportivos a nível nacional e internacional. Acho que isso é uma característica de Espinho porque as pessoas não se limitam ao tamanho da cidade.
Artigo disponível, na íntegra, na edição de 11 de março de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro, a partir de 28.5€.