“Olha! Este contentorzito é que nos dava um jeitinho enorme”, disse-nos, com os olhos a brilhar, Jorge que vive num carro com a sua mulher há cerca de dois anos e meio, quando passou um camião com um contentor para as obras da Escola Sá Couto. Jorge e Andreia são casados há 19 anos, pais de dois filhos, passaram por dois confinamentos e fizeram duas quarentenas dentro de um automóvel, que já nem anda. É este carro a sua casa. Dormem ambos no banco de trás, com o maior dos desconfortos e, por isso, as dores nos joelhos já são enormes.
Jorge tem 55 anos, é natural do Porto e Andreia, com 40 anos, é natural de Espinho. Ele trabalhava numa empresa de iluminações, antes de passar a dormir num carro que comprou por 200 euros. Vendera um anterior automóvel, porque precisava de dinheiro, para sobreviver. Atualmente, o casal está a ser acompanhado por uma assistente social do Centro Social de Paramos e pelo Núcleo de Planeamento e Intervenção aos Sem Abrigo (NPISA) e aguarda, ansiosamente, por uma casa. É um dos casais que conta com o apoio da Paróquia de Espinho, do FAS Sopas, recebendo a única refeição diária ao jantar.
“Está difícil encontrarmos uma casa, pois querem que paguemos uma caução que corresponde a três rendas. Não temos hipóteses, pois ambos temos o rendimento mínimo, cerca de 150 euros cada um”, lamentou Jorge que, com a sua mulher, chegou a trabalhar na Junta de Freguesia de Espinho e a dormir num carro. “Não temos condições de trabalhar e nem sequer temos onde tomar um banho! Estamos
numa situação muito difícil. Somos pobres e humildes”, diz Jorge.
Artigo disponível, na íntegra, na edição de 6 de maio de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro, a partir de 30 €.
