Francisco Moreira é natural de Espinho e tem 23 anos. É guarda-redes de hóquei em patins da Académica de Coimbra e estudante de Medicina na Universidade dessa cidade. O seu percurso no desporto começou no ténis e na natação, mas foi pelo hóquei em patins que se apaixonou e, particularmente, pela posição de guarda-redes, influenciado pelo treinador João Barbosa. O seu clube do coração continua a ser a Académica de Espinho, onde tem imensos amigos e onde iniciou o seu percurso na modalidade, mas a briosa também já lhe está no sangue.

Quem é o Francisco Moreira?
Francisco Sá Couto Pinto Moreira é um estudante de Medicina, focado no curso, e que tem um hobby que lhe dá muitas alegrias, que é o hóquei em patins. Sinto-me muito feliz por estar inserido numa modalidade com tanta história no nosso país.

Como nasceu a sua ligação ao desporto?
Comecei por praticar ténis, no Clube de Ténis de Espinho, com cerca de quatro anos e, ao mesmo tempo, iniciei-me na natação. Após estar alguns anos no ténis, decidi que queria mudar de modalidade, porque não era a ideal para mim. Com nove anos fui para a Académica de Espinho, com o objetivo inicial de praticar voleibol. No entanto, quando passei pelo campo principal e vi as escolinhas de patinagem a funcionar no seu esplendor, tive a certeza que era essa a modalidade que queria. Fui aprender a patinar e começou aí a minha ligação ao hóquei em patins.

Foi essa a razão que o levou a escolher o hóquei em patins?
Foi o facto de ver todas aquelas crianças a patinarem e por ver o hóquei em patins na televisão. Havia um jogador que me despertava a atenção, o guarda-redes de então do FC Porto, Edo Bosch. Tudo isso junto puxou-me para o hóquei em patins.

Sempre foi guarda-redes?
Sempre tive mais jeito para as balizas. Quando comecei a aprender a patinar, fui chamado a um treino dos escolares e o treinador, que muito prezo e que era o grande dinamizador das escolas de patinagem da Académica de Espinho, o João Barbosa, disse-me que eu caia muito e aconselhou-me a experimentar a baliza. Não digo que foi amor à primeira vista, mas foi quase! Por outro lado, comecei a ver imensos jogos de hóquei em patins no pavilhão Arquiteto Jerónimo Reis e vi os guarda-redes do nosso clube a fazerem grandes defesas e exibições. Por outro lado, a posição de guarda-redes é nevrálgica no contexto do jogo. Tudo isto colocou-me muito cedo na rota da baliza.

Dizem que, para se ser guarda-redes de hóquei em patins, é preciso ser-se muito corajoso e ter uma certa dose de loucura…
Não me considero um louco! No entanto, um guarda-redes tem de ter coragem, determinação, muita capacidade e força psicológica para saber lidar com os erros. Costumo dizer aos guarda-redes que treino que, um erro nosso, normalmente, resulta num golo para o adversário. Muitas vezes confunde-se a loucura de um guarda-redes com a sua coragem, atitude e determinação. Haverá guarda-redes que não regulam muito bem, mas isso é porque levaram com muitas bolas no capacete [risos].

Um guarda-redes consegue ver a bola ou movimenta-se meramente por instinto?
É um misto de ambas as coisas. Um remate bem executado é muito difícil de defender. Nós, guarda-redes, temos uma ideia para onde vai a bola e posicionamo-nos por aí. Por isso, muitas das vezes, quem está a ver pensa que é sorte! Isso faz tudo parte do nosso treino, do conhecimento que temos e, até, do posicionamento que adotamos na baliza. Um guarda-redes tem de saber fazer isso muito bem.

Não fica exausto por estar de cócoras tanto tempo?
Cansa imenso e temos de cuidar da nossa capacidade física para podermos aguentar um jogo inteiro naquela posição. Há que ter cuidado com a alimentação e deve-se colocar grande intensidade, energia e ter, sobretudo, um enorme compromisso durante os treinos. Isso vai fazer com que estejamos em boa forma, física e psicológica, durante os jogos. Não escondo que o cansaço vem ao de cima, sobretudo nos últimos cinco minutos de jogo. É nessa fase em que, por norma, os guarda-redes erram mais.

O que lhe trouxe de bom a Académica de Espinho e esta modalidade?

Entrevista completa na edição de 16 de dezembro de 2021. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 30€.