Mafalda de Jesus (representante da Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade) e António Tavares (Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto) participaram nas Conferências Atlântico 2021/22- Espinho, organizadas por José Paula. Este debate foi acerca do Estado Social e as Misericórdias e teve o apoio do Hotel Solverde.
O Hotel Solverde acolheu, na quinta-feira [17 de março] uma nova “Conferência Atlântico” para debater o Estado Social e as Misericórdias. Nesta conferência, organizada por José Manuel de Paula, esteve presente Mafalda de Jesus, da Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade (a representar o Padre Lino Maia, que não conseguiu estar presente) e António Tavares, Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto.
Segundo José Paula, o “dr. António Tavares é uma pessoa com bastante experiência para nos transmitir algo de novo relativamente a esta situação que no momento atual, cada vez tem mais relevância, atendendo ao problema que vivemos, principalmente com os refugiados da Ucrânia”.
O organizador do debate reflete que “as Conferências Atlântico têm o objetivo de refletir sobre problemas atuais da nossa sociedade, sejam problemas políticos, sociais ou institucionais”, tendo, por isso, sido discutido que as instituições e misericórdias precisam da ajuda do Estado Social para poderem apoiar as pessoas mais necessitadas.
Mafalda de Jesus refere que o papel das IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) “consiste no desenvolvimento de respostas sociais, educativas e de saúde que acompanham as necessidades das populações ao longo das diferentes fases da sua vida, desde do nascimento até à morte” e completa que tanto as instituições sociais como as misericórdias e outras organizações desenvolvem um trabalho “no terreno” para corresponder à missão que o Estado Social assumiu como responsabilidade política pela proteção social. No entanto, sublinha que a Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade está numa “relação de recuperação e não de tutela” e afirma que é fundamental que se disponibilizem os “meios que permitam concretizar esta mesma missão”.
Segundo António Tavares, a relação das IPSS com o Estado Social não é “muito fácil”, pois são colocados desafios ao Estado, como o pagamento de impostos. Já no caso das Misericórdias, como a de Vila de Conde, é sobrevivente à extinção do concelho, um projeto com mais de 500 anos e que é resultado da “própria intervenção do estado”. De acordo com o provedor “devemos estar todos com orgulho e com satisfação deste novo governo”.
Um dos grandes desafios que o Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto reforça, é que o desafio do envelhecimento tem um conjunto de desafios e de tarefas que não fáceis de alterar, como a “necessidade de renovação do tecido social”, havendo casos em que não existe solidariedade familiar. Portanto, António Tavares salienta que se deve “procurar respostas para o envelhecimento”. Outro desafio é o caso de muitos idosos não terem interesse em ir para lares, por esse motivo, têm que ser “criadas novas formas de organização de equipamentos corretivos”, que possam dar apoio domiciliário, “levar serviços a casa das pessoas, como respostas de saúde, sessões de fisioterapia” entre muitos outros cuidados que necessitam. E será no domínio do envelhecimento que vai haver um “desafio muito grande para nossas instituições”.
“Nos últimos anos tem havido um esforço de reformas muito grande e um esforço de sustentabilidade da parte das instituições, mas não podemos esquecer que muitas vezes um idoso tem um determinado custo e o estado limita-se a comparticipar com um custo de valor abaixo”, afirma António Tavares.
As próximas “Conferências Atlântico 2021/22”, do 2º ciclo, irão prosseguir com o tema Economia e Finanças Públicas em Portugal, a 21 de abril, estando ainda em confirmação alguns convidados, como o Prof. Manuel Rodriguez e o Prof. João Duque (Responsável pelos Doutoramentos e Pós-Graduações do ISEG de Lisboa). Seguir-se-á a análise do branqueamento de capitais, corrupção e o cumprimento normativo, a 20 de maio, com Dr. Carlos Filipe (jurista e consultor da área), Dr. José Macedo Mendes, Dr. José Gomes Ferreira (jornalista da SIC) e o Dr. Luís Rosa (Jornalista de investigação) e por fim, a última conferência do 2º ciclo, como tema, o desporto como meio de desenvolvimento físico e mental, a 17 de junho, estando previstas as participações de Dr. Fernando Gomes, Presidente da Federação de Futebol (a confirmar).
“Justiça: o seu estado e as reformas necessárias” é um tema que será debatido no 3º ciclo das Conferências Atlântico, a realizar-se no mês de Setembro.
