Ana Pais Oliveira tinha 15 anos quando os pais lhe ofereceram a inscrição numa escola de pintura em Espinho, “sem eu sequer ter pedido ou verbalizado algum interesse pelas artes plásticas”. Foi um presente baseado naquilo que observavam em casa “e no facto de passar muito tempo a desenhar e a pintar”.
O gesto dos seus pais foi fundamental para a sua opção pelas artes plásticas?
A partir daí não tive mais dúvidas de que queria seguir artes e, especificamente, o ramo da pintura.
O facto de ter sido a única artista portuguesa finalista da edição de 2009 do Prémio Ibérico de Pintura Doñana conferiu-lhe prestígio ou acresceu responsabilidade?
Terminei o curso de pintura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto em 2005. É sempre difícil perceber, numa fase de transição para a vida profissional, como se forma um artista. Aliás, um artista pode demorar anos ou uma vida a tentar perceber como se define, se reconhece e se valida um artista. É um percurso de um necessário otimismo, entusiasmo e muita necessidade de fazer o que se está a fazer, mas também dos inevitáveis impasses, dúvidas e incertezas. O Prémio Ibérico Doñana surgiu num momento embrionário de procura do meu caminho e, sim, conferiu responsabilidade a esse percurso. Mas, acima de tudo, surgiu como um verdadeiro impulso para, pelo menos, perceber que podia estar no caminho certo.
E estava!
Deu-me motivação e força para continuar e não tenho dúvidas de que foram alguns reconhecimentos semelhantes a esse que me ajudaram a ter mais certezas do que dúvidas, a persistir e a trabalhar continuadamente na área da pintura.
Sagrou-se vencedora de prémios e concursos e arrecadou diversas distinções. Esse pecúlio curricular (e valor acrescentado) tem sido reconhecido em Gaia, de onde é natural?
A minha primeira exposição individual, “Não-lugares”, foi em 2006 no Auditório Municipal de Vila Nova de Gaia, pelo que esta cidade teve um papel fundamental na receção, apoio e reconhecimento do meu trabalho na sua fase mais inicial. Senti que o trabalho foi muito bem recebido e, em 2009, esse apoio e interesse pelo meu trabalho consolidou-se com o convite para a exposição individual “Entre(tanto) e quase nada”, na Casa da Cultura/Casa Barbot, que teve bastante cobertura pela imprensa local e onde consegui vender bem o meu trabalho.
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