“… É já ali…” e o Altar do Mundo cada vez mais perto. Hoje, a viagem de reencontro com o Grupo de Peregrinos de Espinho foi feita na companhia do silêncio das canções e os pensamentos numa A1, cada vez mais familiar. Hoje, antes de rumar a Pombal fiz uma viagem à hora do pequeno-almoço às memórias do dia no facebook. Pombal é a cidade que viu nascer a minha avó, regressar é como voltar a ouvi-la naquele tom sobre a sorte que havia tido em encontrar o meu avô. A estrada leva-me a momentos de epifania, e mais quando vou sozinho. A jornada adivinhava-se longa e dura, já não bastava três dias de caminho, a famosa reta de Pombal. O meu GPS, desta vez, não me enganou e nas bombas encontrei a carrinha branca onde dizia “Peregrinos de Espinho”.

“Ninguém fica para trás, e há sempre bebidas frescas para o caminho. Fazemos tudo para não deixar lixo no chão, trazemos sempre as garrafas connosco. Ainda há alguns dos nossos para trás. Temos de ir comprar uns chinelos para a senhora que está mais mal tratada. Ajudamos no que podemos!

A manhã foi – como sempre – mais fresca até uma certa hora, mas pelas 13h os termómetros marcavam 32 graus. Mas a vontade de chegar é tão grande que tudo fazem para se abstrair das dores, dos incómodos. Cantam, rezam, falam para si, aí percebemos o quão especial é o silêncio. Os grupos vão passando, e há aqueles peregrinos de outras andanças que sorriem e acenam.

A maior parte dos peregrinos cumpre as regras do uso do colete refletor e vão no sentido inverso à marcha. Mas, para encurtar caminhos, por vezes cruzam as rotundas. Por norma, os automobilistas respeitam e cedem passagem.

Na direcção para o pavilhão encontro centenas de caminhantes a ajudar ao desenvolvimento da economia local, mais uma vez, o sorriso de quem os saúda é genuíno. Saudações à chegada “olha o nosso fotógrafo”, mais um sorriso e uma boa nova de Fátima: o padre Cláudio que tão especial é para o grupo de Espinho publicara no seu facebook a chegada ao Santuário. Já entre cafés após o almoço, Marta refere com carinho e emoção a chegada ao nosso encontro no passado 12 de Maio de 2019, quando todos fizemos questão de esperar por ele. Disse em jeito de remate “… será que Deus queria mesmo que ele passasse por aquela provação?!”. Recordo-me bem das lágrimas da equipa de Fisioterapia da Fisio&Care aquando da sua chegada à esplanada.

O dia fica também marcado pela visita surpresa do Padre Artur aos peregrinos, rezou uma missa no pavilhão das actividades, numa zona agradável banhada por um rio junto ao Núcleo do Sporting. Enquanto aguardavam pela sua vez, foi engraçado ouvir os diálogos, não só das mazelas mas também da etapa de amanhã. Mas, a quarta etapa é para a totalidade dos peregrinos um marco importante. Já “só” faltam quarenta e um. Despeço-me com um obrigado pela paciência e por me adoptarem como um de eles.

Ao momento da imagem, a equipa de Fisioterapia ainda se encontrava na estrada a dar assistência a peregrinos. O António Dias não teve mãos a medir, e teve até de improvisar num banco para ajudar uma peregrina na região lombar e virilhas. Cinco minutos depois estava pronta para a maratona.