No Largo da Idanha resiste apenas uma pequena mercearia e um café (Foto: Sara Ferreira)

Lugares são cada vez mais despovoados, atraem poucos jovens e poucos negócios. Comerciantes lamentam atual situação, mas vão resistindo por serem os filhos da terra.

É atualmente uma das zonas mais despovoadas do concelho. A Idanha, na freguesia de Anta, perdeu, para muitos, o brilho e o fulgor de outros tempos. A população mais jovem partiu, a escola primária deixou de fazer sentido e os negócios foram gradualmente encerrando as portas, levando a terra a um sentimento de abandono.

Quem chega não deixa de notar o silêncio, mas no meio dele e em pleno largo da Idanha resiste ainda um pequeno foco de vida, capaz de fazer subsistir os poucos que por lá habitam. Isabel Silva é uma filha da terra. Está, há mais de 40 anos, à frente da mercearia da Idanha, mesmo no largo, e junto a um pequeno café, também da sua família. Comanda um negócio que herdou da avó, dá-lhe para a sopa, crê que é o “ausio” da terra, mas, um dia, quando fechar a porta Isabel sabe que será para sempre. “Vou resistindo porque não pago renda, tal como o café e o talho, mais acima. É apenas o que existe por aqui. Vamos continuando para manter o ausio da terra como as pessoas costumam dizer. Muitas delas não vêm cá à loja buscar nada, mas querem ver a luz acesa e a porta aberta”, conta Isabel, confessando que não haverá continuidade na gestão do espaço. “Um dia que eu vá embora isto acaba. Nenhum dos meus filhos vem para aqui. Isto para mim serve, mas para eles não. Estou aqui todos os dias com o meu pai que já tem mais de 80 anos e vamo-nos mantendo por aqui, mas para o futuro isto não dá. Não pode ser o futuro de ninguém”.

Reportagem disponível, na íntegra, na edição de 30 de junho de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€