Fotografia: Francisco Azevedo/DE

António José Moreira foi árbitro de voleibol e teve um papel na arbitragem internacional no voleibol de praia ao longo de 16 anos. Nasceu na Madalena e foi praticante da modalidade no clube local, mas escolheu Espinho para viver há 14 anos, acompanhando o percurso do seu filho, Rui, no voleibol dos tigres. Tozé Moreira, como gosta que o tratem, foi funcionário da Federação Portuguesa de Voleibol (FPV) durante quase três décadas.

Todos o conhecem por Tozé Moreira!…

“Gosto que me tratem por Tozé Moreira porque foi assim que sempre fui tratado, nomeadamente pelos meus amigos, na arbitragem e na FPV.

Como apareceu o voleibol na sua vida?

O voleibol esteve sempre presente na minha vida. Comecei a praticar a modalidade aos 12 anos, no Clube Atlântico da Madalena. Não havia os escalões etários que há hoje, julgo que terei começado a jogar nos iniciados. Fiz uma carreira na modalidade, até aos seniores, sempre no clube da terra onde nasci, ao longo de 22 anos. Depois estive sempre ligado ao voleibol. Iniciei-me como árbitro em 1972 e terminei essa carreira há seis anos. A nível internacional, no voleibol de praia, acabei a carreira há 11 anos, porque a idade dos 55 anos é o limite. Foi árbitro internacional de voleibol de praia, das federações europeia e internacional, CEV e FIVB.

Como aconteceu enveredar pela carreira na arbitragem?

Na altura em que me iniciei, os clubes eram obrigados, pelos regulamentos de provas, a apresentarem árbitros. Por isso, os clubes tinham de propor jovens praticantes para frequentarem os cursos que havia para árbitros de voleibol. Fui proposto, juntamente com o Fernando Magalhães, a um curso de árbitros estagiários, mas nunca me tinha passado pela cabeça, nem nessa altura, poder seguir a carreira na arbitragem.

Quando terminámos o curso fomos apitar jogos da 1.ª Divisão nacional de seniores masculinos! Um dos primeiros jogos que arbitrei, foi um Leixões-FC Porto, em seniores masculinos, no pavilhão Siza Vieira, em Matosinhos.

As coisas foram correndo bem e isso foi-me dando motivação para continuar a arbitrar. Comecei a sentir que tinha vocação para a arbitragem e fui ganhando cada vez mais confiança. Por outro lado, senti que fui ganhando o respeito por parte das pessoas que estavam ligadas ao voleibol e isso foi mais outro fator que me impulsionou para continuar como árbitro.

Recorda-se desse seu primeiro jogo entre o Leixões e o FC Porto?

A rivalidade entre os clubes era muito grande. O jogo era, por isso, muito competitivo, mas, sobretudo, pesava o escaldante ambiente nas bancadas. Os jogadores das equipas conheciam-se muito bem e até eram muito amigos e conviviam fora de campo, mas, naquele jogo, havia grande intensidade e muita luta. Foi, por isso, um grande jogo de voleibol. Não foi complicado dentro de campo, mas houve muita pressão por parte do público que se virava contra a arbitragem. Fui maltratado, mas tive a força para conseguir ultrapassar essa pressão e para desvalorizar tudo aquilo que vinha de fora para dentro de campo. Consegui olhar para o jogo e não ouvir aquilo que incomoda a qualquer pessoa. Foi um jogo que me correu bem e que me deu ânimo para continuar.

Artigo disponível, na íntegra, na edição de 25 de agosto de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.