É natural de Espinho e leva já uma carreira com mais de vinte anos como designer. Entre a moda e o têxtil, é na tapeçaria que Susana Godinho tem dedicado grande parte do seu tempo nos últimos anos. Com um projeto que levou a cortiça até aos teares, a designer espinhense cruzou a criatividade com a sustentabilidade na produção de tapetes, captando atenção da Amorim Cork Ventures. Aos 46 anos diz-se uma apaixonada pelo que faz e não hesita em mostrar o seu carinho especial pela terra que a viu nascer. 

É uma filha da terra, uma espinhense de gema…

Sim, com muito orgulho. Gosto muito de Espinho. A casa dos meus pais era em Silvalde e quando optei por ir morar sozinha fui para o centro da cidade. 

Silvalde que tem uma grande relação com a tapeçaria…

Sim. Silvalde tem a maior tapeçaria portuguesa e uma das mais conhecidas do mundo. 

O gosto pela tapeçaria surge com esta ligação da infância à terra?

Não. Tudo começou por acaso. Tirei o curso de Design Têxtil, com especialidade em estamparia, tecelagem e em malhas. Segui esse caminho de certa forma influenciada pelo meu avô que era alfaiate e eu acompanhei o trabalho dele desde miúda. Os trapos e o vestuário sempre me fascinaram, então tentei entrar em moda, no entanto acabei por entrar nesse tal curso porque viram o meu portefólio e acharam que eu me encaixava mais na área do têxtil. A tapeçaria apareceu depois, uma vez que quando comecei o estudo foquei-me logo na tecelagem. Acho muito giro criar uma estrutura com criatividade e cor. Entretanto surgiu uma oportunidade de fazer um estágio final numa tapeçaria e isso para mim fazia todo o sentido, pois os padrões que eu tanto queria criar iriam ter muito mais destaque num tapete. 

Onde fez a sua formação?

Sou formada no CITEX, que agora já não existe, mas foi de onde saíram os nossos designers de moda mais conhecidos. Era uma escola muito pequena, com poucas turmas e com uma seleção exigente. Era uma escola incrível, com um ensino muito intensivo. 

Qual é a sua relação com o setor da moda?

Além da formação, porque o têxtil tem uma vertente muito ligada à moda, logo no primeiro ano surgiu a possibilidade de ser aderecista na Moda Lisboa e no Portugal Fashion. Aceitei e gostei muito da experiência. Hoje ainda lá estou, assim como a maior parte da equipa. Agora até já lido com alunos nos bastidores, que depois acabam até por fazer parte da nossa equipa. 

Artigo disponível, na íntegra, na edição de 8 de dezembro de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.