Moradores do Bairro Piscatório vivem em sobressalto com falta de proteção costeira

Enormes sacos de areia estão na esplanada para proteger as habitações (foto: Defesa de Espinho)

O mar fustigou no passado dia 24 novembro a esplanada na zona do Bairro Piscatório. A força das ondas destruiu o muro de proteção e a água avançou em direção às primeiras casas da linha. Um susto enorme para quem lá vive, como há muitos anos não se via. Atualmente, a população diz que ainda vive com o coração nas mãos, sempre a temer que o pior venha a acontecer, em especial com a agitação marítima e as intempéries.

António Teixeira reside no Bairro Piscatório, próximo da esplanada, há cerca de 50 anos. “Aquilo que aconteceu este ano foi demais e receio pelo inverno, onde as coisas poderão piorar”, disse o morador, que viveu horas dramáticas e que, de vez em quando, vem à porta de sua casa para olhar para o mar. “Não é nada agradável vermos a água a entrar nas nossas casas. Tivemos de colocar madeiras e outros objetos para evitar o pior, protegendo as portas”, recorda. “O mar vinha com uma força tremenda, medonha que assustou toda a gente e colocou todos os moradores em estado de alerta. Há muitos anos que não via algo deste género. Víamos as ondas a baterem nas proteções, mas não as ultrapassavam desta forma, derrubando o muro e arrastando as enormes pedras até junto das casas. Não sei como é que nenhuma entrou por uma das portas!”

Aquele morador sente-se aliviado porque “ninguém se magoou” e confessa que as suas noites não têm tido muito sossego. “Vamos estando alerta nas alturas em que o mar estiver mais agitado”, confessa alertando para o mau tempo do inverno que se avizinha.

Para este silvaldense, os sacos com areia que foram colocados no passeio “deverão ajudar a impedir que a água os ultrapasse e que venha com força em direção às casas”.

O morador do Bairro Piscatório entende que deverão “fazer obras nos esporões. Se não fossem aquelas pedras na ribeira de Silvalde, as ondas galgavam o muro com mais frequência”, constata o morador. “Deveriam fazer obras e altear o muro”, defende.

Também Rita Patela reside junto à esplanada há mais de quatro décadas e não se esquece do susto que apanhou, na noite de 24 de novembro. “Estava na cama, a dormir e o meu filho veio à varanda e viu tudo cheio de água. Foi acordar-nos e avisou-nos que o mar já estava em cima da nossa casa”, recorda a moradora. “Levantamo-nos e estivemos a trancar todas as portas. A minha garagem já estava cheia de água. Andámos toda a noite a desentupir sargetas. Foram, pelo menos, três noites nisto”, contou Rita Patela.

Artigo completo na edição de 15 de dezembro de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.