O líder da bancada do Partido Social Democrata (PSD) na Assembleia Municipal de Espinho, Paulo Leite, defendeu ontem [18 de janeiro] o recurso a novo ato eleitoral para a Câmara Municipal de Espinho. Sem falar em eleições, Paulo Leite disse que o Partido Socialista (PS), “deveria refletir muito bem sobre tudo porque aquilo que está em causa são os interesses do concelho e não as questões partidárias”. “Deverá refletir se não valerá a pena pensar numa outra alternativa”, afirmou o vogal do PSD, garantindo que os vereadores eleitos pelo seu partido “estarão recetivos a fazer parte da solução” que consideram “ser a certa”.
Numa Assembleia Municipal muito viva e participada, com o público a encher as bancadas, Paulo Leite classificou a atual situação do Executivo, na sequência da operação Vórtex que levou à detenção de Miguel Reis, como “uma tragédia”.
“Alguém que foi eleito para gerir os destinos do concelho, com um programa que tem o seu cunho, renunciou ao mandato”, começou por dizer o líder do PSD Espinho, acrescentando que “esperava que a segunda pessoa da lista iria assumir o cargo de presidente”.
“Assistiu-se a uma renúncia do segundo membro da lista”, prosseguiu Paulo Leite garantindo que não foi informado “sobre quais foram as razões de renunciar ao mandato, não assegurando a governabilidade do concelho, como era sua obrigação”.
“Se é mau que haja uma renúncia de um presidente, pior ainda quando acontece, também, com o segundo! Por isso, na minha opinião, fica claramente comprometido o projeto que estava em mãos e a capacidade de dirigir os destinos do concelho”, evidenciou o vogal do PSD fazendo questão de deixar claro que “não são as pessoas que estão em causa”.
Paulo Leite aproveitou, desta forma, para criticar a formação da lista do PS que concorreu ao órgão executivo municipal. “Quando fazemos listas para dirigir os destinos do concelho, procuramos reunir um conjunto de pessoas que possam assegurar, com qualidade e com força política a governabilidade, implementando o projeto e fazendo com que as ideias que foram sufragadas pela população sejam aplicadas”, sublinhou o vogal.
“Houve uma formação de uma lista cujo objetivo não seria o de governar bem, mas sim do encontrar um conjunto de nomes que ganhassem as eleições. A verdade é que a equipa não estava o suficientemente forte para acautelar as coisas que, entretanto, levaram este rumo”, acrescentou.
Paulo Leite criticou, também, o facto de ainda não se conhecerem os pelouros que irão ser atribuídos aos vereadores pela presidente Maria Manuel.
“Fico sem perceber quem irá assegurar questões tão importantes como o Urbanismo ou a parte financeira da Câmara. Não sabemos como irão ser distribuídos os pelouros e ainda não sei quem será o vice-presidente, mas gostaria de saber”, referiu Paulo Leite.
Para o vogal social-democrata, “o projeto que venceu as eleições está comprometido, nomeadamente na capacidade de o executar” e acrescentou que será necessário ter “uma equipa politicamente forte” para enfrentar os desafios que se avizinham, nomeadamente, “as candidaturas a fundos europeus que podemos captar e a uma série de oportunidades”.
Teixeira Lopes acusou vogal do PSD de ter “atitude marialva”
O líder da bancada do PS, António Teixeira Lopes, respondeu ao vogal Paulo Leite, em defesa do Executivo e da opção do seu partido, classificando a atitude do adversário como “marialva”, relativamente à composição da Câmara Municipal.
“Há um toque de desconfiança porque as mulheres estão em maioria! Não deixa de ser uma novidade, com a promessa de poder trabalhar de uma forma proficiente, efetiva, respondendo cabalmente às promessas que foram feitas no programa eleitoral do PS”, afirmou Teixeira Lopes, acrescentando que as mulheres que fazem parte deste novo elenco, “vão devotar-se ao trabalho porque estão habituadas a fazê-lo. São responsáveis e competentes”, salientou o vogal socialista.
Teixeira Lopes deu nota de que “o PS apresentou-se com uma programa e com rostos, que foram os eleitos” e acrescentou que da lista “constam os nomes daqueles que substituíram os que renunciaram ao mandato”.
Segundo Teixeira Lopes, o vice-presidente Álvaro Monteiro “renunciou ao mandato por razões óbvias” e pelas “importantes funções que ocupa no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho. Ele nunca pensou que isto iria acontecer e, por isso, achou que seria muito difícil conseguir estar presente nas duas instituições e dar a colaboração que lhe era solicitada através do mandato”.
“A que título, se pode desconfiar, desde já, da incapacidade ou da incompetência daqueles que acabaram de substituir os dois elementos que renunciaram ao mandato”, questionou Teixeira Lopes. “Maledicência? Incapacidade de avaliar uma situação concreta? Temer que vão cumprir o programa do Partido Socialista?”, acrescentou o vogal.
“Há o temor de que sejam capazes de fazer uma gestão melhor do que aquela que fizeram até agora”, afirmou Teixeira Lopes.
Segundo o líder da bancada do PS, “quem votou no Partido Socialista votou num programa e que, eleitoralmente foi considerado ser o melhor dos quatro. E por isso mereceu a confiança do povo de Espinho”.
Teixeira Lopes disse, ainda, que “o que podemos esperar é que o programa seja concretizado e que as prioridades estabelecidas sejam, também, concretizadas”.
“Não tenham receios! Tenham confiança”, dirigiu-se Teixeira Lopes ao novo Executivo. “O PS é um grande partido, democrata e que responderá sempre pelos seus atos”, concluiu.